Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Operação são lucas

PF indicia 10 “médicos fantasmas” do Hospital de Clínicas

Fraudes afetavam os atendimentos de saúde . “As dificuldades  do HC não são estruturais, são decorrentes de crimes de gestão”, diz PF. | Antônio More/Gazeta do Povo
Fraudes afetavam os atendimentos de saúde . “As dificuldades do HC não são estruturais, são decorrentes de crimes de gestão”, diz PF. (Foto: Antônio More/Gazeta do Povo)

Dez médicos concursados do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) foram indiciados pela Polícia Federal por estelionato, falsidade ideológica, abandono de função pública e prevaricação. Segundo as investigações, eles agiam como servidores “fantasmas”: recebiam salários sem cumprir a carga-horária para a qual foram contratados.

Nos horários em que deveriam estar no HC, os médicos atendiam em clínicas e hospitais particulares, dos quais eram donos ou sócios. A operação foi batizada de São Lucas, em menção ao padroeiro da medicina.

“A prática era de notório conhecimento no HC”, disse o delegado de repressão aos crimes financeiros, Maurício de Brito Todeschini. “Há indícios de que a prática estava difundida entre outros setores e funcionários”, completou.

Auditoria da CGU

A investigação começou com uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU), que fez um pente-fino no hospital universitário e suspeitou da baixa produtividade de alguns médicos. O órgão pegou como amostragem os dez casos mais evidentes e aprofundou os levantamentos, em parceria com a PF.

Segundo as apurações, alguns dos médicos indiciados sequer iam ao Hospital de Clínicas. Outros chegavam a comparecer à unidade, mas, segundo a PF, “ficavam poucos minutos e iam embora”.

Posteriormente, esses médicos fraudavam as folhas-ponto – preenchidas manualmente – indicando que cumpriram a carga horária regularmente. O índice médio de comparecimento real dos indiciados, no entanto, era de 7%.

“Isso afetava diretamente o HC, no que diz respeito ao atendimento de saúde. As dificuldades do HC não são estruturais, são decorrentes de crimes de gestão”, avaliou o delegado de combate ao crime organizado, Igor Romário de Paula. Só a fila de espera por uma cirurgia cardíaca no HC, por exemplo, chega 1.354 dias.

Para comprovar as fraudes, a CGU e a PF cruzaram as folhas-ponto dos investigados com o registro das catracas do HC e com informações do sistema de Serviço de Informações Hospitalares (SIH), desde o ano de 2010.

As autoridades também analisaram dados de clínicas e hospitais particulares que pertencem aos médicos. “Eles usavam residentes para ficar em seus lugares no HC, enquanto há indícios de que iam atender em seus hospitais”, disse Todeschini.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.