Curitiba Treze mil policiais federais cruzam os braços hoje, em todo o país, em protesto ao não-cumprimento, por parte do governo, de um acordo salarial fechado com a categoria em fevereiro do ano passado. Na prática, isso significa que os policiais estarão em seus locais de trabalho, mas não vão trabalhar, explica o presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Paraná (Sinpef), Sílvio Jardim. No estado, cerca de 700 policiais atuam em 8 delegacias.
A paralisação de 24 horas deve ter reflexos principalmente nos aeroportos, aduanas e nas delegacias, afetando a confecção de passaportes, registro de estrangeiros e inquéritos em andamento. O protesto deve agravar ainda mais a crise aérea e contribuir para o aumento nas filas nos terminais. Sílvio Jardim diz que os plantões estarão funcionando e que passaportes serão emitidos em casos emergenciais. Em períodos normais, lembra o presidente do sindicato, são confeccionados de 150 a 200 documentos por dia no Paraná.
Salários
O acordo para a recomposição salarial da categoria foi negociado com o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos e com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Ficou acertado que os policiais federais teriam um aumento de até 60%, em duas parcelas. A primeira foi paga em junho do ano passado e a segunda teria de ser aplicada aos salários em dezembro, o que não ocorreu.
Segundo o delegado do Sindicato da Polícia Federal do Paraná em Foz do Iguaçu, agente Adão Luiz Almeida, o compromisso assinado em 2006 pelo governo deveria diminuir a desigualdade entre a remuneração da categoria e a dos servidores dos outros órgãos que integram o sistema criminal da União, o Ministério Público e a Magistratura Federal. O salário inicial de um delegado é de R$ 10,8 mil, enquanto um cargo do mesmo patamar no Judiciário tem remuneração de R$ 22 mil.
A pressão teve início em 15 de fevereiro, quando a categoria decretou estado de greve. Se o movimento de hoje não surtir efeito, no dia 18 de abril será realizada uma marcha à Brasília. Os policiais federais também planejam parar durante a realização dos Jogos Pan-Americanos, em julho, no Rio de Janeiro, quando o país receberá milhares de atletas e dirigentes estrangeiros. A última tentativa de negociação, na segunda-feira, reuniu representantes e entidades ligadas à Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) e o ministro da Justiça, Tarso Genro. Apesar da falta de entendimento, Tarso disse respeitar o movimento e afirmou que não é papel do governo impedir manifestações legítimas de trabalhadores.