PF prende 23 pessoas de seis quadrilhas especializadas em contrabando, entre eles um policial de MS

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Vinte e três pessoas já foram presas pela Polícia Federal durante a "Operação Cobra d´Água", desencadeada na manhã desta terça-feira com o objetivo de desarticular seis quadrilhas especializadas em contrabando de produtos do Paraguai para o Brasil, através do Rio Paraná. Foram expedidos 57 mandados de busca e apreensão e 46 mandados de prisão preventivas. A ação da PF aconteceu simultaneamente em Guaíra, Altônia, Umuarama, Loanda, Goioerê e Tuneiras do Oeste, e no município de Mundo Novo, no Mato Grosso do Sul.

Entre os presos está o sargento Alfredo Turman, da Polícia Militar Ambiental de Mundo Novo, no estado do Mato Grosso do Sul, que, de acordo com a PF, exigia dinheiro para liberar embarcações com contrabando que apreendia no Rio Paraná. A PF, taé o fim desta tarde, apreendeu 50 veículos, três pacotes de esmeraldas em pedra bruta, com valor superior a R$ 150 mil, além de caminhões, trator, lanchas e barcos.

Além do policial, os chefes de quadrilha também foram detidos. No município de Altônia, foi detido Milton Reberti Pedrini que chefiava uma quadrilha responsável pelo transporte de mais de 250 mil caixas de cigarro paraguaio para o Brasil. A PF estima que o lucro da quadrilha, só com o frete, chegava perto de R$ 20 milhões. Além dele, César Dias Reberti e Leonil da Silva Mrowskovski foram presos. A PF ainda procura outras seis pessoas em Altônia, entre eles um vereador que mantém uma confecção de fachada, comercializando produtos contrabandeados do Paraguai.

Guaíra

Em Guaíra, já foram presos segundo a PF: Nelson Iscrecht, José Carlos de Andrade, Marcos Carreiro, Fábio Pereira de Lima, Carlos Roberto de Souza Santos, Natal Miguel Marques, Jonias Fereira Gonçalves Junior, Antônio Marcos Lourenço, Roberto Rosatti Lino, Solange dos Santos Lopes e Emerson Rodrigues Dourado. Oito pessoas ainda estão sendo procuradas.

Outros municípios

Rosiléia Nunes foi presa em Goioerê e Claudinei Luiz de Oliveira em Tuneiras do Oeste. Em Loanda, dois mandados de prisão devem ser cumpridos na tarde desta terça. Em Umuarama, das seis pessoas que deveriam ser presas, cinco já foram detidas: Sinésio Rodrigues de Souza, vulgo "paulista", Ailton Batista Ramos, Roberto Donizete Ramalho Bertão, Mauricio Aparecido Marcelino da Silva e Fabian Soares de Oliveira.

Desde as 6h da manhã, pelo menos 280 policiais federais cumprem mais de 100 mandados com ordens de prisões e de busca e apreensão - todos expedidos pela Vara Especializada em Crime Organizado da Justiça Federal em Curitiba. De acordo com a PF, esta é a maior operação já feita no Brasil para o combate ao contrabando e ao descaminho de mercadorias trazidas do Paraguai por meio fluvial.

Investigação da PF

Segundo investigações da PF, iniciadas há cinco meses, as quadrilhas se ajudavam mutuamente - inclusive mantendo vigilância compartilhada da movimentação dos barcos e viaturas da Polícia Federal. A PF concluiu que grandes carregamentos só eram deslocados por barcos quando as lanchas da PF estavam fora de operação em razão de manutenções mecânicas.

De acordo com o que foi apurado pela inteligência da PF, quase todo o cigarro, produtos eletrônicos e confecções navegavam pelo lado de Itaipú/Rio Paraná e eram descarregados em propriedades no município de Altônia, nas margens do Rio Paraná ou Rio Piquiri, seguindo dali por rodovias até os clientes receptadores, que encomendavam as mercadorias inclusive pela internet, por meio de programas como MSN Messenger, o que até facilitou as investigações.

No último ano estima-se que somente uma das quadrilhas investigadas transportou mais de 250 mil caixas de cigarro (cada uma com 50 pacotes que contém 10 maços cada) das barrancas brasileiras para diversas cidades brasileiras. A atividade de contrabandistas tem crescido na região de Guaíra, principalmente após o aumento da fiscalização da nova aduana da Receita Federal. De acordo com a PF, o número de apreensões nos últimos anos saltou de 3.500 caixas de cigarros apreendidas durante o ano de 2005 para 20.500 no ano de 2006.

Mercadorias

- 10 mil caixas de cigarros;- 108 mil unidades de DVD/CD virgem;- 60 mil itens diversos (relógios, matéria de pesca, brinquedos, material escolar, ferramentas, roupas etc.);- 4,6 mil peças de informática e eletrônicos (notebooks, impressoras, HDs, DVDs etc.);- 2 mil itens de perfumaria;- 1 mil peças para carro e moto;- 138 pneus para carro/moto;- milhares de roupas íntimas fabricadas na China;- 80 kg de agrotóxico;- 04 armas, sendo uma adaptada;- 36 cartuchos de munição.

Veículos

- 40 embarcações (com motor de poupa ou estacionário)- 34 automóveis;- 13 caminhões;- 03 carretas;- 02 camionetes pick-up;- 02 motocicletas.

Penas

Além das penas de prisão, deverão ser aplicadas penas de multa que poderá chegar a R$ 630 mil para cada investigado, além da possibilidade de bloqueio de todos os bens adquiridos pela quadrilha em decorrência do faturamento criminoso.

Crimes

Os presos, de acordo com a função de cada um dentro das quadrilhas, devem responder pelos crimes de homicídio qualificado, formação de quadrilha, contrabando e descaminho, tráfico de influência qualificado, corrupção ativa, concussão, facilitação de contrabando ou descaminho, corrupção de menores, importação e transporte irregular de substância tóxica, ocultação de bens e valores provenientes da prática dos crimes acima, e praticados por organização criminosa.