Quinze pessoas foram presas ontem em Paranaguá, no litoral do estado, em uma operação da Polícia Federal (PF) contra o tráfico internacional de cocaína. A Operação Deadline ocorreu também em São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraíba e Santa Catarina. Ao todo 25 pessoas foram presas, entre elas três bolivianos, em uma operação que contou com 105 policiais. Quatro mandados de prisão ainda não tinham sido cumpridos até o fim da tarde de ontem.
A PF investigava a quadrilha desde novembro de 2011 e já havia apreendido 129 quilos da droga durante as investigações 21 quilos no Porto de Rio Grande (RS), 38 quilos no Porto de Valência, na Espanha, e 70 quilos no Porto de Antuérpia, um dos maiores do mundo, na Bélgica. Segundo informações do delegado Sérgio Luís Stinglin de Oliveira, que comandou a operação, a droga apreendida foi avaliada em R$ 10 milhões no mercado europeu.
Em Paranaguá foram apreendidos 11 veículos, duas motos, U$ 66 mil, R$ 3 mil e uma lancha. "Acredito que só as apreensões feitas em Paranaguá se aproximem de R$ 3,5 milhões. Isso é muito importante porque, além das prisões, também houve a descapitalização da quadrilha", disse Oliveira.
Segundo as investigações, a cocaína era fabricada na Bolívia e saia por via terrestre para o Paraguai. De lá cruzava a fronteira brasileira em direção ao interior de São Paulo, local em que os traficantes negociavam a venda da droga para os países da Europa e da África.
Quando já havia um destino negociado, a cocaína seguia para o Porto de Paranaguá. Na cidade funcionava o esquema de "inteligência" do tráfico. Funcionários do Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) e despachantes aduaneiros, que faziam parte da quadrilha, tinham informações privilegiadas sobre a saída das cargas, facilitando o despacho da droga. Quando identificava alguma carga que seguiria para o país de destino da droga, a quadrilha esperava que o caminhão fosse carregado com o contêiner e no meio do caminho desviava a rota do veículo para um terreno baldio. Lá, tirava o lacre do contêiner e o recheava com droga. Depois, o caminhão seguia em direção ao porto normalmente.
De acordo com o delegado, a rota internacional da droga só pôde ser descoberta graças a uma parceria entre as polícias brasileira, espanhola e belga. "Houve uma grande cooperação entre as polícias e somente dessa forma conseguimos desmantelar essa quadrilha. Tivemos que deixar a droga ser carregada em Paranaguá, com monitoramento da PF, para descobrirmos qual era o destino dos contêineres. Dessa forma tivemos conhecimento da rota e a droga foi apreendida nos portos da Europa", explicou.
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