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Belo Horizonte – Mais uma organização criminosa envolvendo jovens de classe média foi desarticulada ontem. A Polícia Federal prendeu 30 pessoas, todas com idades entre 20 e 25 anos, em Minas Gerais, Bahia e Santa Catarina, suspeitas de participação em uma quadrilha especializada em crimes cibernéticos, lesando correntistas e bancos de todo o país. A PF estima que o crime era praticado há pelo menos cinco anos. Em oito meses de investigação, o grupo teria causado um prejuízo de cerca de R$ 14 milhões. Nesse período, foram identificadas aproximadamente 200 vítimas em todo o Brasil, mas os policiais federais acreditam que o número de pessoas lesadas é bem maior.

A Operação Ilíada visava o cumprimento de 31 mandados de prisão – sendo 20 preventivas e 11 temporárias – e 34 de busca e apreensão expedidos pela 4.ª Vara Federal Criminal na capital mineira. Até o fim da tarde apenas um suspeito permanecia foragido.

A maior parte das prisões foi efetuada em Betim, considerada a base da quadrilha, na região metropolitana de Belo Horizonte. Cinco suspeitos foram presos na capital. A PF cumpriu também mandados de prisão em outras oito cidades mineiras. Uma pessoa foi presa em Joinville (SC) e outra em Porto Seguro (BA).

Segundo a PF, a operação arquitetada pela quadrilha era complexa e ocorria quase na sua totalidade no ambiente virtual. O grupo enviava e-mails em nome de empresas, além de mensagens simuladas como notícias relevantes para as vítimas. Depois de abertos, os e-mails instalavam um vírus no computador do usuário sem que este tivesse conhecimento. Quando a vítima acessava seus dados bancários, os criminosos obtinham acesso às contas correntes e realizavam transferências, saques e pagamentos indevidos.

De acordo com a PF, o dinheiro desviado era depositado na conta de laranjas e dividido entre integrantes da quadrilha. "Pelas investigações concluímos que cada hacker subtraía a quantia de R$ 600 mil por ano, ou seja, R$ 50 mil por mês. O prejuízo total chega a mais de R$ 14 milhões", disse o delegado Felipe Baeta.

A quadrilha, conforme as investigações, lesou clientes de várias instituições financeiras, entre elas a Caixa Econômica Federal (CEF). "Desde donos de contas vultosas, donos de empresas, até pessoas mais humildes", observou o delegado. "Eram jovens, normalmente de classe média, que se dedicavam exclusivamente para esse delito. Ficavam quase integralmente dedicando seu tempo para essa prática".

Apontado como o líder do esquema, Guilherme dos Santos Alves, 23 anos, foi preso em Juiz de Fora. Ele mora em Betim, mas visitava parentes na cidade da Zona da Mata mineira. Guilherme e outros 11 hackers, dos quais receberia ajuda para a prática criminosa, foram presos preventivamente. "Ele conversa com hackers do Brasil inteiro trocando ferramentas", afirmou Baeta.

Nos endereços vasculhados, foram apreendidos equipamentos, computadores, monitores de última geração, dois veículos – supostamente adquiridos por meio da fraude – e documentos.

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