Seis pessoas foram presas e 22 mandados de busca e apreensão foram cumpridos dentro da Operação Castores, desencadeada ontem pela Polícia Federal (PF) em Curitiba, Foz do Iguaçu, São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis e Brasília. Na capital foram presos um ex-funcionário da Itaipu Binacional, Laércio Pedroso, e Luís Geraldo Tourinho Costa – os dois eram sócios da empresa Consultores e Assessores Associados (CCA). Além deles, foram detidos José Roberto Paquier, assessor comissionado do senador Valdir Raupp (PMDB-RO), em Brasília; Osvaldo Panzarini, representante da empresa Alstom; José Della Volpe, diretor da transportadora Della Volpe; e Luís Carlos Dias da Silveira Franco, apontado como intermediário entre Laércio e a empresa Della Volpe, em São Paulo.

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O grupo é acusado de tráfico de influência, corrupção ativa e passiva e falsificação de documentos nas empresas Itaipu Binacional, Furnas, Eletrosul e Eletronorte. A forma como o golpe era aplicado ainda está sendo investigada, assim como a denúncia da existência de caixa 2 em Itaipu.

A operação de ontem, de acordo com o superintendente da PF em Curitiba, Jaber Saad, teria evitado o desvio de R$ 1 milhão que seria sacado por meio de 300 cheques nos próximos dias. Dos sete citados em mandatos de prisão expedidos pela 1.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, apenas Michael Popow Nosikow, ex-conselheiro da Itaipu Binacional, não foi encontrado por estar foragido no Paraguai.

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Acareação

Laércio Pedroso foi detido no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, quando pretendia embarcar para Brasília. Hoje ele participaria de uma acareação na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, na tentativa de provar a existência de caixa 2 em Itaipu. Ele é réu em um processo na Justiça Federal desde 29 de julho do ano passado, em que é acusado de uso e falsificação de documentos públicos. Pedroso nega as acusações e o envolvimento em irregularidades em outras estatais e diz poder provar a existência de desvio de dinheiro dentro da Binacional.

A audiência no Congresso contaria com a presença de um representante de Itaipu – que desmarcou na última sexta-feira –, do advogado e ex-conselheiro de Itaipu Roberto Bertholdo, preso há cinco meses, e do ex-senador Tony Garcia, que divulgou recentemente gravações de Bertholdo com citações de irregularidades na Binacional.

Antes de ser preso, Pedroso entregou no aeroporto a Amauri Escudero, assessor parlamentar do deputado federal paranaense Luiz Carlos Hauly (PSDB), uma mala de 64 quilos com documentos que tentariam provar sua inocência e seriam apresentados no Distrito Federal. A PF apreendeu o volume para continuar as investigações. Escudero, que só tomou conhecimento da prisão de Pedroso no aeroporto de Brasília, quando não pôde resgatar as malas, disse que o encontro tinha sido "casual". "Como Hauly investiga corrupção em estatais desde o início do seu mandato, eu já tinha conversado com Pedroso. Como o vôo dele era mais tarde, me ofereci para fazer cópia dos documentos para adiantá-los aos deputados no Congresso", disse Escudero.

Durante a manhã, a polícia efetuou busca e apreensão na residência de Pedroso, no escritório de sua empresa e no da Itaipu Binacional, em Curitiba. Na residência de Pedroso, vários documentos com indícios da ligação dele com fornecedores das estatais energéticas foram apreendidos, além de um lap-top e vários disquetes. "Toda a documentação apreendida será analisada agora pela Polícia Federal", disse o superintendente da PF de Curitiba.

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