A Polícia Federal (PF) no Amazonas, com apoio da Força Aérea Brasileira (FAB), está cumprindo dez mandados de prisão nesta quarta-feira (22) contra acusados de explorar sexualmente meninas índias no município de São Gabriel da Cachoeira, na fronteira com a Colômbia. Nove pessoas já foram presas.

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Denominada de Operação Cunhatã (que significa menina na língua tupi), a ação vai cumprir também dez mandados de busca e apreensão e um mandado de condução coercitiva - quando alguém é levado por policiais para depor - na cidade.

Os presos serão encaminhados a Manaus ainda nesta terça. Os detalhes sobre a identidade dos presos e suas funções no esquema de exploração sexual serão informados à tarde.

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O inquérito da PF sobre o caso concluiu que os autores dos crimes mantinham relações sexuais com as menores em troca de dinheiro, presentes ou alimentos, aproveitando-se da situação de pobreza das vítimas.

Em novembro de 2012, reportagem do jornal Folha de S.Paulo mostrou os casos de exploração sexual na cidade. Os envolvidos tinham preferência em comprar a virgindade das menores índias com aparelhos de celular, dinheiro, peças de roupa e até bombons.

Os crimes foram denunciados ao Conselho Tutelar local por familiares de 12 meninas. Em depoimentos à Polícia Civil, elas relataram como foram exploradas sexualmente e indicaram nove homens como os autores dos crimes.

Entre os homens estavam pessoas influentes na cidade, entre eles, empresários do comércio, um ex-vereador, militares do Exército e um motorista.

Durante as investigações, a Justiça do Amazonas decidiu levar à esfera federal dois inquéritos que estavam em andamento na Polícia Civil, atendendo pedido da Procuradoria-Geral da República.

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O órgão argumentou que a Polícia Federal era a instituição competente para apurar crimes contra os índios e de repercussão sociocultural na vida deles.

As vítimas são garotas das etnias tariana, uanana, tucano e baré que vivem na periferia de São Gabriel da Cachoeira, que tem 90% da população (cerca de 38 mil pessoas) formada por índios.

Algumas das meninas exploradas foram ameaçadas de morte pelos comerciantes e obrigadas à mudar para casas de familiares para se sentirem mais seguras.

Por causa das ameaças, três meninas índias, todas irmãs, foram retiradas de São Gabriel da Cachoeira sob escolta da Polícia Federal, em janeiro deste ano. Elas estão sob proteção do programa voltado a menores ameaçados da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

Além das meninas, conselheiros tutelares também foram ameaçados. Há três meses, a coordenadora do programa assistencial que atendia as menores, a missionária italiana Giustina Zanato, foi retirada da cidade pela Igreja Católica.

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No Brasil desde 1984 e ligada à Congregação das Irmãs Salesianas, ela enfrentou embates com integrantes do Judiciário e da polícia local por cobrar a punição dos suspeitos de abusar às meninas indígenas.