Florianópolis No início da manhã de ontem, a Polícia Federal (PF) de Santa Catarina tirou da cama alguns empresários, três secretários municipais, funcionários públicos e dois vereadores de Florianópolis, dando início à Operação Moeda Verde. É a primeira vez na cidade que autoridades e funcionários graduados são detidos por suspeita de corrupção envolvendo questões ambientais.
Com 22 mandados de prisão temporária e 30 mandados de busca e apreensão de objetos e documentos, 36 equipes da PF formadas por 170 agentes executaram a detenção dos acusados por crimes contra a ordem tributária, formação de quadrilha, falsificação de documentos, uso de documentos falsos, corrupção e tráfico de influência. Os mandados foram assinados pelo juiz federal Zenildo Bodnar.
Com o desenrolar da operação, novos mandados poderão ser expedidos. De acordo com a delegada Júlia Vergara da Silva, que coordenou a operação, a investigação partiu de denúncias de fraudes num empreendimento em Jurerê Internacional, que estaria localizado em Área de Preservação Permanente (APP). Dois outros grandes empreendimentos que estão sendo investigados são o futuro campo de golfe no Costão do Santinho, que estaria sobre o principal lençol freático do norte da Ilha, e o recém-inaugurado shopping Iguatemi, por estar em área de mangue. A delegada Vergara explica que as áreas verdes da cidade estariam servindo de moeda para obtenção de laudos e licenças irregulares. Segundo ela, a contrapartida vinha sob várias formas. "Podia ser dinheiro vivo, carros e até imóveis".
Vários computadores foram recolhidos em órgãos públicos, como a Secretaria de Urbanismo e Serviços Públicos (Susp), Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), as duas Fundações de Meio Ambiente uma municipal (Floram) e outra estadual (FATMA), além de escritórios de empresas e residências.
Para Raimundo Barbosa, chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Ambientais, o principal responsável pelo esquema de fraudes seria o vereador Juarez da Silveira.
O vereador, que teve um mal-estar e necessitou atendimento médico ao receber o mandado de prisão, nega as acusações.
As prisões temporárias valem por cinco dias, podendo ser prorrogadas por mais cinco.
O prefeito Dário Berger afastou temporariamente todos os suspeitos ligados à administração municipal e ressalta que as licenças em questão foram expedidas antes de sua posse.