As forças de segurança encontram-se em estado de prontidão em Roraima. A Polícia Federal e a Força Nacional de Segurança reforçaram seus efetivos na área da terra Indígena Raposa Serra do Sol, no Norte do estado, enquanto na capital, Boa Vista, a Polícia Militar decidiu manter 1.500 homens de prontidão. Essa situação é motivada pelo temor de uma explosão de conflitos na região, a partir de quarta-feira, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) se reúne para julgar a questão da demarcação da reserva.
O ponto que desperta maiores cuidados é a Vila Surumum povoado na entrada da reserva, onde estão se concentrando índios favoráveis à manutenção dos atuais limites da reserva, índios que desejam mudanças e arrozeiros que lutam para não serem expulsos do lugar.
O Conselho Indigenista de Roraima (CIR), que lidera o movimento pela demarcação da reserva em área contínua, sem a presença de não-índios em seu interior, pretende reunir mil índios na vila para acompanharem juntos o debate no STF. Ao lado dos índios, sobre a ponte de acesso à vila, o fazendeiro Paulo César Quartiero, o maior produtor de arroz do estado, pretende realizar um evento religioso pela manhã.
O arrozeiro, que também é prefeito de Pacaraima, pelo DEM, deverá permanecer na vila, com o mesmo propósito dos índios: acompanhar o debate do STF. A Sociedade dos Índios Unidos de Roraima (Sodiurr), organização menos influente do que o CIR e defensora da permanência de não-indígenas na reserva, também pretende reunir seu pessoal na vila. É lá que a Força Nacional de Segurança e a polícia devem concentrar boa parte de seus homens.
Também haverá policiais nas sedes dos municípios envolvidos na polêmica, por estarem dentro da área da reserva: Uiramutã, Paca-raima e Normandia. A força tem 150 homens na área. Outros cem homens estão de prontidão em Brasília e serão deslocados para Roraima em caso de conflito, segundo o comandante do 2º Batalhão da Força no Estado, major Josias do Nascimento Seabra.
A Raposa Serra do Sol foi demarcada em 1998 e homologada em 2005. Tem 1,7 milhão de hectares, onde vivem cerca de 19 mil índios, de cinco etnias. Em abril, quando a PF chegou à região, para a desintrusão dos arrozeiros, enfrentou uma forte resistência e situações de violência. Foi então que o governador do Estado, José de Anchieta Júnior, recorreu ao STF, pedindo a suspensão das operações, sob risco de derramamento de sangue.
O Supremo acatou o pedido e a ação policial foi paralisada até que seja julgado o mérito das ações que contestam a demarcação. E é isso que começa a ser feito na quarta-feira.
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