Isolados do conjunto dos servidores, que resolveram encerrar a greve e retornar ao trabalho, e divididos dentro da própria corporação, os agentes da Polícia Federal (PF) decidem hoje, em assembleia nacional dos seus 27 sindicatos filiados, se vão para a radicalização ou se aproveitam o último minuto da prorrogação para aceitar o acordo de reajuste de 15,8%, fatiado em três parcelas anuais, oferecido pelo governo. Das seis categorias que compõem o quadro, eles só têm apoio dos escrivães e papiloscopistas.
Outra categoria que ficou isolada é a dos auditores e analistas da Receita Federal, que ganha os maiores salários do Poder Executivo entre R$ 13,5 mil e R$ 19,5 mil mensais. Eles lutam pela equiparação com o Judiciário e o Ministério Público, cuja renda mensal chega a R$ 26,7 mil, no topo da carreira.
O Ministério do Planejamento passou o dia ontem redigindo as atas e minutas de acordo com as categorias que, após três meses de greves e protestos no setor público, aceitaram fechar o acordo. Segundo cálculo do secretário de Relações do Trabalho, Sérgio Mendonça, das 35 categorias que entraram em greve por melhoria salarial nos últimos três meses, 30 fecharam acordo, a maioria em cima da hora. Isso representa mais de 90% do universo de servidores que participaram da negociação.
Orçamento
O governo envia ao Congresso amanhã o projeto de Lei Orçamentária Anual de 2013 contendo a previsão de gastos com a folha de pagamento. Duro na mesa, o Planalto mandou cortar o ponto dos faltosos e punir os servidores que cometeram excesso. Avisou também que as categorias que não fechassem acordo ficariam sem reajuste no próximo ano. O ultimato funcionou e várias categorias que ameaçavam radicalizar recuaram de suas posições e aceitaram a proposta na última hora.
Entre estas estão a dos fiscais agropecuários do Ministério da Agricultura, os agentes da Polícia Rodoviária Federal e o pessoal das agências reguladoras. Para surpresa dos negociadores do governo, até os servidores administrativos da PF resolveram sair da greve e assinar o acordo.
Como o trabalho atrasou, os agentes, representados pela Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), ainda podem entrar hoje na folha, se a assembleia decidir aceitar o índice oferecido. Eles foram à greve pela reestruturação da carreira e seu reconhecimento como categoria de nível superior, mas a proposta ainda não ganhou musculatura dentro do governo e tem resistência de delegados e da direção da própria PF.
Policiais distribuem frutas à população
Cerca de 200 quilos de legumes e frutas foram distribuídos para a população em uma manifestação dos agentes da Polícia Federal (PF), ontem à tarde, em Curitiba. O protesto ocorreu ao lado do terminal de ônibus do Santa Cândida, que fica próximo à Superintendência da PF. Os produtos acabaram rapidamente, em apenas 20 minutos.
"O ato foi simbólico. Foi para mostrar para o governo que ele nos jogou em uma cesta comum, junto com todos os servidores públicos, quando nossa reivindicação era completamente diferente", afirmou Alberto Domingos, vice-presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Paraná (Sinpef-PR).
A maior reivindicação dos policiais é a reestruturação das carreiras de agentes, escrivães e papiloscopistas, atualmente enquadradas em uma tabela de ensino médio, para uma tabela de nível superior. "Pedimos algo que nem daria impacto financeiro imediato. O que faltou foi vontade política do governo em sentar e tentar uma solução", disse Domingos.
Apesar de o atendimento ao público funcionar de maneira reduzida, a emissão de passaportes não está prejudicada em Curitiba. De acordo com informações da Superintendência da PF, a obtenção da identificação internacional ocorre normalmente. Novos agendamentos podem ser feitos pelo site, com a previsão de atendimento até o final de setembro. Para mais informações sobre passaportes, o telefone é o (41) 3251-7500.
Colaborou Fernanda Fraga, especial para a Gazeta do Povo.