São Paulo e Cuiabá A Polícia Federal (PF) deve ouvir nos próximos dias controladores de tráfego aéreo e supervisores que trabalharam no dia 29 de setembro, quando aconteceu o acidente que envolveu o jato Legacy de propriedade da americana ExcelAire e o Boeing que fazia o vôo 1907 da Gol.
O Boeing caiu em uma área de mata fechada em Mato Grosso, causando a morte dos 154 ocupantes.
Ontem, o delegado da PF Renato Sayão esteve reunido em Brasília com o tenente-brigadeiro Paulo Roberto Cardoso Vilarinho, do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea).
Sayão recebeu os nomes dos controladores de tráfego aéreo e supervisores que trabalharam na ocasião do acidente, em São José dos Campos, Brasília e Manaus. A PF não informou o número total de pessoas que serão ouvidas, mas a reportagem apurou que passa de dez.
Os nomes de controladores e supervisores não serão divulgados, e os depoimentos ocorrerão em locais reservados.
De acordo com a PF, a Polícia Civil de Mato Grosso, que conduz inquérito paralelo sobre o caso, também terá acesso às informações.
Dúvidas
O objetivo é esclarecer a informação de que os pilotos do jato conseguiram se comunicar com os controladores de vôo do Cindacta-1 (Brasília) quatro minutos antes do ponto em que deveriam mudar de altitude.
No diálogo, o comandante do Legacy, Joe Lepore, teria perguntado à torre se poderia descer ou ficar na mesma altitude.
O controlador teria mandado ele permanecer nos 37 mil pés, mesma altitude do Boeing.
Enquanto isso, o Ministério Público Federal (MPF) instaurou procedimento administrativo para investigar possíveis irregularidades no tráfego aéreo na região em que ocorreu o acidente.
A decisão do procurador-chefe da Procuradoria da República, Gustavo Nogami, ocorreu após coletar informações da Comissão de Acidentes Aéreos, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Polícia Civil, que apuram as causas do acidente.
"Queremos descobrir se há falhas no controle do espaço aéreo para que medidas sejam tomadas", disse Gustavo Nogami.
Caixas-pretas
O ministro da Defesa, Waldir Pires, disse ontem que, até amanhã, devem chegar ao Brasil as informações contidas nas caixas-pretas do Boeing da Gol e do jato Legacy.
A transcrição está sendo feita no Canadá, em fase de conclusão. Para o ministro, a análise é fundamental para as investigações sobre o acidente.
O cilindro de voz da caixa-preta do Boeing ainda não foi localizado.