Brasília O PFL não repetirá a aliança com o PSDB nas eleições presidenciais de 2010. A ordem, a partir de agora, é lançar candidato próprio, inclusive no que se refere à disputa municipal que ocorrerá daqui a dois anos. A executiva nacional do partido decidiu ontem que a parceria com os tucanos ficará restrita à atuação parlamentar conjunta, na oposição ao governo Lula no Congresso. E o próximo lance desta aliança no parlamento será a sucessão do Congresso. Tucanos e pefelistas já começaram a discutir as estratégias possíveis para tomar a presidência do Senado dos governistas.
O candidato mais forte à sucessão do Senado é o atual presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), que tem a simpatia do Planalto. Para enfrentá-lo, a oposição cogita duas alternativas: lançar um candidato do PFL, cujo figurino combativo veste perfeitamente o líder pefelista José Agripino (RN), ou articular uma dissidência do PMDB, que tem a maior bancada.
O nome mais lembrado neste caso é o do senador Pedro Simon (PMDB-RS) que, segundo um dirigente tucano, poderia adotar o discurso da recuperação da imagem e valorização do Legislativo, com um Congresso independente e não subordinado ao Planalto.
A reunião da executiva foi convocada para que os dirigentes pefelistas reafirmassem o papel do partido na "trincheira" da oposição ao segundo governo Lula, "fiscalizando e denunciando os erros cometidos".
Em uma demonstração de que pretendem adotar uma linha oposicionista ainda mais firme, o presidente nacional da legenda, senador Jorge Bornhausen (SC), deixou claro que não quer nem conversa com o presidente reeleito.
"Nós não atravessaremos a rua (para ir ao Planalto)", disse o senador em resposta à proposta de Lula de buscar dialogar com todos os partidos. "Nossa trincheira é o Congresso, onde fomos colocados na oposição pelas urnas", emendou Bornhausen, ao sugerir que a interlocução se dê por meio dos líderes governistas no Congresso. "Não haverá adesão, nem rendição, nem ressentimento", insistiu.
Segundo o secretário-executivo Saulo Queiroz, o entendimento geral foi o de que, se quiser sobreviver como partido, o único caminho do PFL é "correr" com sua própria equipe e seu próprio carro. "Não dá mais para fazer o papel de mecânico no box de outra escuderia", afirmou.
Na mesma linha, o deputado eleito Alceni Guerra (PR) citou sua condição de médico para dizer que "não se pode errar o diagnóstico, sob risco de perder o paciente". Foi ele quem propôs que, além de lançar um pefelista ao Planalto, o partido também obrigue todos os diretórios municipais a disputarem as prefeituras com candidatos próprios. "Depois de perder uma eleição, o único remédio à altura é perder o medo da derrota. O PT se construiu assim", disse Alceni. A executiva não discutiu o processo disciplinar aberto contra a senadora Roseana Sarney (PFL-MA), que está sujeita à expulsão por ter desobedecido a orientação partidária e declarado voto a Lula na disputa presidencial. Mas as declarações do próprio Bornhausen deixaram claro que, aliada a Lula, Roseana não tem mais espaço no partido. A saída que os pefelistas consideram ideal não é a punição à senadora, mas seu desligamento voluntário da legenda.