Atualizado em 06/09/2006, às 16h52
A Promotoria de Investigação Criminal (PIC) de Curitiba fornece nesta quarta-feira (6)novos esclarecimentos sobre a prisão do policial civil Délcio Augusto Razera, que atuava como assessor na Casa Civil, e outras seis pessoas durante a Operação Pátria Nossa". Após vários meses de investigação, a PIC desbaratou na manhã desta terça-feira uma quadrilha que se dedicava à interceptação clandestina de ligações telefônicas. Sete mandados de prisão foram expedidos, além outros de busca e apreensão.
O suposto cabeça do grupo seria o policial civil Délcio Augusto Razera. Segundo investigações da PIC, Razera mantinha pelo menos três "escritórios" de investigação que ofereciam serviços para empresários, advogados, políticos e autoridades públicas, realizando escutas sem autorização judicial de telefones móveis e fixos. Nas buscas e apreensões realizadas foi apreendido material de escuta ilegal. O grupo contaria com o apoio de técnicos de empresas operadoras de telefonia e de terceirizadas.
De acordo com o ParanáTV desta terça, oficiais da PIC gravaram imagens do momento em que uma caixa telefônica era aberta por técnicos. Dentro, um gravador registrava ligações feitas para algumas linhas.
Os integrantes da quadrilha estão sendo investigados também por suposto tráfico de influência, violação de sigilo funcional, entre outras irregularidades. Segundo apurado pela PIC, o policial tinha lotação na Casa Civil. Já a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) afirmou que Razera estava à disposição do setor de Recursos Humanos da Polícia Civil. A assessoria do governo, segundo o ParanáTV, negou que o policial Délcio Razera trabalhasse como assessor do gabinete do governador licenciado, Roberto Requião.
A Corregedoria da Polícia Civil encaminhou um pedido para a Justiça de Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba, onde as apurações se concentraram, para obter mais informações que possibilitem a abertura de um processo administrativo contra Razera. Há indícios de que as escutas teriam como vítimas empresários e autoridades, inclusive membros do próprio Ministério Público.
Caso polêmico envolvendo Razera
Em 2004 o nome do investigador Délcio Razera foi envolvido num caso polêmico que resultou na prisão da estudante de Direito Palmiriane Rodrigues (20). Razera efetuou a prisão da estudante com um mandado irregular, ou seja, sem a autorização da Sesp.
A assessoria de imprensa da Sesp afirmou na tarde desta terça que os detalhes deste processo estariam com a Corregedoria da Polícia Civil. Contudo, terça-feira seria o dia em que todas as autoridades se reúnem num chamado "conselho interno" do órgão.
Apreensões
Numa das casas onde os policiais cumpriram mandados de busca e apreensão foram encontrados, além de equipamentos para gravações clandestinas, um verdadeiro arsenal. Foram apreendidas facas, espadas, dezenas de caixas de munição e armas de fogo, entre elas cinco fuzis, sendo um AR-15 de uso restrito.
Nomes dos envolvidos
Confira os nomes, divulgados pela PIC, dos presos na "Operação Pátria Nossa":
- Deni Mateus dos Santos e Doroti Mateus dos Santos (presos em flagrante por crime de interceptação telefônica clandestina. Doroti também teve flagrante por fraude processual e por ter tentado esconder provas durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão.) - Délcio Augusto Razera (policial civil prisão preventiva por crime de interceptação telefônica clandestina, formação de quadrilha e por posse ilegal de armas de fogo de uso proibido e restrito (inclusive diversos fuzis e farta munição). - Laércio José Licheski (prisão em flagrante por posse ilegal de armas de fogo e munição, inclusive diversas espingardas, e por interceptação telefônica clandestina). - Isaque Pereira da Silva (técnico de telefonia. Prisão preventiva por crime de interceptação telefônica ilegal e por formação de quadrilha). - Mauro Fabrin (prisão preventiva por crime de interceptação telefônica ilegal e formação de quadrilha). - Juraci Pereira Macedo (prisão preventiva por crime de interceptação telefônica ilegal e formação de quadrilha).
Confira nas imagens da reportagem em vídeo os equipamentos apreendidos
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