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Avião da Força Aérea Brasileira participa das buscas: chamas foram identificadas a 1,3 mil quilômetros de Fernando de Noronha | Paulo Francisco/Agência O Globo
Avião da Força Aérea Brasileira participa das buscas: chamas foram identificadas a 1,3 mil quilômetros de Fernando de Noronha| Foto: Paulo Francisco/Agência O Globo

Rota não tinha acidentes há sete décadas

São Paulo - Agência Estado

Embora seja uma área de atuação da Zona de Convergência Intertropical e com um trecho sem monitoramento por meio de radares, a rota aérea do Brasil para a Europa pelo Atlântico é considerada segura e de fácil operação pelos pilotos e especialistas. Pelo menos uma centena de voos utilizam esse trajeto semanalmente. Há sete décadas, não havia registros de acidentes nesse percurso sobre o oceano.

"Podemos classificá-la como uma rota que merece atenção, por estar sujeita aos fenômenos climáticos da Zona de Convergência Intertropical. Mas ela é extremamente segura, tanto que é uma das principais da América do Sul, e não temos registros de acidentes", diz o diretor de Segurança de Voo do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), comandante Carlos Camacho.

Os especialistas ouvidos pela reportagem afirmam que a rota é considerada de fácil operação, pois é praticamente uma linha reta e não há necessidade de fazer variações – como mudar a altitude – em virtude de trechos perigosos.

A empresa aérea TAM informou em nota que tripulantes de um voo seu avistaram "focos luminosos em alto mar" na manhã de ontem. O avião da companhia brasileira fazia a rota Paris-Rio de Janeiro – sentido contrário ao que seguia o Airbus da Air France.

Os focos foram identificados a 1,3 mil quilômetros de Fernando de Noronha. A área fica em águas internacionais, mas o controle dos voos ainda é de responsabilidade brasileira.

O governo do Senegal comunicou ao governo brasileiro que teria localizado em seu mar territorial supostos pedaços de materiais, mas não confirma que sejam destroços do avião da Air France desaparecido no Oceano Atlântico.

As equipes de busca mobilizadas pelo governo brasileiro afirmaram ontem que continuariam o trabalho durante toda a madrugada. A Força Aérea Brasileira (FAB) mobilizou cinco aviões e dois helicópteros. A Marinha participa da operação com três navios.

Com o escurecer, as buscas seriam feitas de maneira eletrônica no sentido longitudinal – ou seja, em uma linha reta no percurso da aeronave até o ponto onde ela teria feito o último contato. A localização só será possível se houver a emissão de um sinal do equipamento de emergência do avião, já que fica impossível fazer busca no método visual. O fato de até agora o aparelho não ter emitido qualquer sinal não impossibilita que ainda venha ainda a ocorrer.

Ainda segundo a FAB, caso os destroços da aeronave sejam localizados em espaço aéreo brasileiro, a investigação sobre as causas do acidente será do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos ). Mas se, por acaso, estiver no espaço aéreo de outro país, como o Senegal, por exemplo, a investigação será de responsabilidade do país a que pertence a empresa aérea – no caso, a França. Nada, porém, impede que os governos entrem em acordo para definir um trabalho conjunto.

Longo e caro

A Icao (Organização Internacional de Aviação Civil, na sigla em inglês) estima que, se o jato da Air France caiu em pleno Oceano Atlântico, uma investigação poderá levar anos para ser concluída. "Não será um trabalho fácil. Primeiro, a caixa preta terá de ser encontrada, o que por si só não será fácil em pleno oceano", afirmou o porta-voz da entidade, Dennis Chagnon.

Outro problema, segundo ele, será o de resgatar as eventuais partes do avião que poderão ser encontradas. "Em acidentes em alto-mar, as equipes de investigação levam anos recuperando pedaços do avião no subsolo marinho", afirmou.

Para completar, Chagnon estima que o trabalho poderá ter um alto custo, já que não será simples a operação de resgatar pedaços e fazer a investigação em alto-mar.

Pentágono

A França pediu ajuda ao Pentágono para tentar localizar o avião. O Ministério da Defesa francês solicitou que o governo norte-americano utilize seus satélites de observação que cobrem a área em que a aeronave desapareceu.

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