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O piloto de helicóptero José Melo Viana, 51 anos, dificilmente escaparia com vida, caso tivesse participado do resgate frustrado de presos ligados à organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que ocorreria na Penitenciária 2 de Mirandópolis, município do Noroeste paulista. "Os agentes de muralha do presídio têm ordem de atirar para derrubar qualquer aeronave suspeita", afirmou ontem o secretário de Administração Penitenciária de São Paulo, Nagashi Furukawa.

Três pessoas ligadas ao piloto (a mulher, Heloísa, a filha de 11 anos e a empregada, Maria de Lurdes) foram seqüestradas na última quinta-feira e mantidas como reféns por três dias, para obrigá-lo a conduzir bandidos ao presídio paulista e libertar líderes do PCC. O esquema foi desmantelado na madrugada de domingo em uma operação conjunta da Polícia Federal e do Tático Integrado Grupo de Repressões Especiais (Tigre), grupo de elite da Polícia Civil do Paraná.

Segundo as investigações, Melo Viana teria sido escolhido pelos criminosos porque era arrojado, possuía experiência de como pilotar em situações extremas e à noite. Mesmo com essas qualidades, porém, seria forçado a executar uma missão considerada impossível. Além dos tiros, teria de escapar de alguma maneira dos cabos de aço colocados no pátio do presídio para impedir o pouso de helicópteros. Há informações de que ele faria a viagem com uma carga de explosivos, preparados para destruir esses e outros obstáculos.

No último resgate similar ao que envolveria Melo Viana, em junho de 2003, o piloto Alexandre Colaço foi seqüestrado por dois homens que o obrigaram a pousar num presídio em Guarulhos, na Grande São Paulo. Essa tentativa, porém, quase acabou em tragédia. Colaço foi contratado para fazer um vôo panorâmico, mas no meio do caminho foi forçado a ir para a penitenciária. Eles foram interceptados pela segurança e o piloto recebeu três tiros, mas está vivo. Dois anos antes, outros dois bandidos tiveram a mesma idéia de resgate, na mesma cadeia, só que foram bem-sucedidos, possivelmente graças à corrupção de agentes penitenciários.

Rebelião

O presídio de Mirandópolis foi palco de uma rebelião no mesmo dia em que deveria ocorrer o resgate, anteontem à tarde. De acordo com o o delegado Fernando Francischini, titular da Delegacia de Crimes Patrimoniais da Polícia Federal, a revolta foi programada para distrair a segurança. Ontem, porém, a assessoria de imprensa da Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo divulgou nota informando que um caso não estava relacionado ao outro. Segundo foi informado pelo órgão, um preso simulou problemas de saúde e foi conduzido até o pavilhão hospitalar, onde rendeu os agentes com uma arma de brinquedo para supostamente fugir. Tudo ocorreu durante o horário de visitas e ninguém ficou ferido. Francischini, por sua vez, afirmou que um dos possíveis alvos do resgate estaria internado na enfermaria do presídio, tratando de ferimentos causados por uma outra tentativa de fuga da penitenciária, sábado passado.

PCC no Paraná

O secretário de Justiça do Paraná, Aldo Parzianello, disse que atualmente não há células organizadas do PCC nas penitenciárias do estado. "O que existem são pequenos grupos, de pessoas que se conheciam fora da prisão e continuam agindo em conjunto na cadeia", afirmou. Ele destacou que muitos bandidos acabam se intitulando como membros da organização apenas para ganhar prestígio. "Quando percebemos que há uma liderança dentro de um presídio, cuidamos para que ele fique isolado e fique pouco tempo num lugar só. Quem manda nas nossas penitenciárias é o estado", reforçou.

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