Brasília - Levantamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em amostras de frutas, verduras, legumes e grãos revela uso indiscriminado de agrotóxico no Brasil. Das 3.130 amostras coletadas, 29% apresentaram problemas, que vão do uso de defensivos não permitidos ou sem registro no país ao alto grau de resíduos de agrotóxicos.
Pelo segundo ano consecutivo, o pimentão teve o maior índice de irregularidades: 80% das amostras foram consideradas insatisfatórias. Em seguida estão uva (56,4%), pepino (54,8%) e morango (50,8%). A principal irregularidade é o uso de agrotóxicos em alimentos para os quais eles não são permitidos. Substâncias proibidas no Brasil também foram detectadas. Das amostras analisadas, 26,2% se enquadravam nessa situação. Em 5,2% das amostras, a Anvisa verificou a utilização de agrotóxicos em quantidade acima da permitida.
"Os números preocupam bastante", avaliou o presidente em exercício da Anvisa, Dirceu Barbano. "Agrotóxico é veneno, seu uso tem de ser feito com limite." As culturas com os melhores resultados foram a da batata (irregularidades em 1,2% das amostras), do feijão (3%) e da banana (3,5%).
O Brasil se tornou o principal destino de agrotóxicos banidos em outros países. Nas lavouras brasileiras são usados pelo menos dez produtos proscritos na União Europeia, nos Estados Unidos e um deles até no Paraguai. Em 15 das 20 culturas analisadas, a Anvisa encontrou ingredientes ativos prejudiciais à saúde humana. Chamou a atenção a grande quantidade de amostras de pepino e pimentão contaminadas com endossulfan; de cebola e cenoura com acefato; e pimentão, tomate, alface e cebola com metamidofós. Segundo o órgão, essas três substâncias já começaram a ser reavaliadas e tiveram indicação de banimento do país.
O diretor executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal, Eduardo Daher, questionou dados da pesquisa. Para ele, o relevante é o porcentual de amostras que apresentaram resíduos de agrotóxicos acima do permitido: 2,8%. "O uso de produtos não autorizados para determinadas culturas, equivalente a 23,8% das amostras, não me comove", afirmou. "O estudo serve apenas para colocar pânico desnecessário na população." A análise foi feita em 26 estados. Foi pesquisada a presença de 234 tipos de agrotóxicos.
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