Como heróis de guerra que voltam vivos para casa após longa jornada fora, seis pinguins retornarão em breve ao oceano. De um total de 40 animais levados ao Centro de Estudos do Mar (CEM) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), eles foram os únicos que conseguiram sobreviver e já estão em condições de voltar ao lar. Depois de passarem aproximadamente 45 dias em tratamento médico e fisioterapia, conseguiram se recuperar da longa e cansativa jornada nas águas geladas do oceano.
Naturais da Patagônia, no extremo sul do continente americano, os pinguins de Magalhães migram durante o inverno para a costa brasileira em busca de alimentos e de temperaturas menos gélidas. Na primavera, as simpáticas aves marinhas retornam ao hábitat natural.
No entanto, muitos obstáculos provocam um grande índice de mortalidade e danos físicos aos animais, como a pesca predatória que reduz o número de peixes para a alimentação dos pinguins e a poluição do oceano. Os seis sobreviventes em questão chegaram ao CEM, em Pontal do Paraná, Litoral do estado, com quadro grave de desnutrição e hipotermia. A temperatura média do pinguim é de 39ºC abaixo dos 30ºC a chance de sobrevida é quase nula.
O biólogo e pesquisador do CEM Ricardo Krul lamenta que neste ano a perda de animais tinha sido muito elevada. Segundo ele, as causas ainda estão sendo averiguadas. Krul afirma que o trabalho, realizado há quase 12 anos, já conseguiu recuperar 80% das aves que chegaram ao espaço. "Os animais chegaram neste ano com um peso muito abaixo do normal. Geralmente cada pinguim dessa espécie pesa 4 quilos e alguns chegaram aqui com 1,8 quilos."
Somente dois pinguins chegaram ao centro petrolizados, ou seja, cobertos por manchas de petróleo. "O petróleo funciona como uma espécie de casaco cheio de furos. Dessa forma as penas não conseguem isolar o corpo dos pinguins da água, causando hipotermia", explica o pesquisador.
Tirar o óleo preso nas penas das aves não é nada fácil. Primeiro é necessário estabilizar a temperatura dos animais e alimentá-los. Depois de aproximadamente duas semanas é dado um banho com água morna e detergente neutro. "Tem de esfregar muito para tirar", diz Krul.
Calor
Ao contrário do imaginário popular, o pinguim debilitado precisa ser aquecido. Krul relata situações em que animais com quadro de saúde extremamente frágil foram colocados em caixas com gelo e até dentro de geladeira. Todos morreram. "O animal vem para cá em busca de temperatura mais amena. Se está com hipotermia, não posso colocá-lo num freezer", afirma. A recomendação é que as aves sejam aquecidas e encaminhadas, por meio de órgãos competentes (Polícia Ambiental ou Corpo de Bombeiros), para um espaço de reabilitação.
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