Após 20 dias de trabalho para deixar o viaduto da trincheira do Alto da XV com a Avenida Nossa Senhora da Luz mais bonito, os artistas plásticos Juan Parada e Cláudio Celestino tiveram uma desagradável surpresa ontem pela manhã. Quando chegaram ao local para continuar o trabalho, encontraram vandalismo no lugar de arte.

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"Alguém veio aqui durante a noite e jogou tinta em cima de tudo o que fizemos. Não é pichação. Não tem assinatura de nenhum grupo, nem um sinal que denuncie pichadores. É uma coisa bem mais grave: é repressão a um tipo de arte", diz o artista plástico Juan Parada.

A pintura do viaduto é financiada pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC) por meio do Fundo Municipal de Cultura. A FCC lançou o edital público Arte Urbana – Viadutos e Trincheiras, para a produção de projetos artísticos em locais públicos. Juan Parada, que trabalha com arte na rua há cinco anos, venceu a licitação para fazer a obra da trincheira Rua XV e dividiu a tarefa de colorir dois painéis de concreto, de 3,5 metros por 50 metros cada um, com o colega Cláudio Celestino.

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O tema escolhido por Parada remete à ecologia de maneira subjetiva e os desenhos foram feitos de forma lúdica com elementos que lembram a preservação, como macacos e árvores. "Foi estarrecedor deparar com este tipo de vandalismo. Mas vamos recuperar e continuar trabalhando para concluir a obra. Já tínhamos 60% da obra pronta e vejo o que aconteceu como um ato de censura."

Cláudio Celestino conta que enquanto trabalhava recebeu o apoio de pessoas que costumam passar pelo local. "Fiquei muito surpreso, não esperava uma reação dessas. As pessoas sempre foram simpáticas e receptivas ao projeto."

Investimento

A trincheira da Avenida Sete de Setembro com a Rua Ubaldino do Amaral e o viaduto do Xaxim também foram beneficiados com o projeto Arte Urbana. O diretor de ação cultural da FCC, Beto Lanza, diz que o edital é apenas um de vários incentivos aos artistas que trabalham com a temática urbana e que a prefeitura apóia a arte e não o vandalismo. "Questionar se vamos ou não continuar dando incentivos, depois de uma ação destas, é muito mesquinho. Temos de ver o que aconteceu como uma reação a uma determinada obra. Toda obra de arte provoca um tipo de resposta e se esta ação provocar um questionamento na população sobre vandalismo, o investimento já valeu a pena."

Lanza explicou que, enquanto a obra não estiver concluída, é de responsabilidade do artista, mas que a FCC vai analisar o levantamento dos prejuízos que ainda será feito por Parada.

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