De acordo com o anúncio oficial da prefeitura, a Gibiteca de Curitiba, que fez ontem 30 anos, é a primeira do Brasil. Mas a coordenadora do local, Maristela Garcia, reivindica um pioneirismo ainda maior. "Somos a primeira do Brasil, da América Latina, do mundo. Há 30 anos, não havia lugar como o nosso", diz.
Com 33 mil itens em seu acervo, a gibiteca comemora sua terceira década com uma agenda fixa que inclui exposições, concursos, encontros, palestras, eventos, cursos, oficinas e workshops. Para preservar o acervo, só é permitida a consulta aos gibis no próprio local, sem a possibilidade de empréstimos. Essa característica fez com que a gibiteca se tornasse um ponto de encontro. Aos sábados, Maristela estima que 80 pessoas passem pelo local, que também sedia encontros de fãs do filme Star Wars, praticantes de cosplay (abreviação de "costume play", ato de se fantasiar de personagens) e jogadores de RPG.
A própria coordenadora, há 13 anos no cargo, é fã de quadrinhos, destacando entre suas abrangentes preferências os trabalhos de Will Eisner, os almanaques Disney e os gibis do Asterix. "Trabalhar aqui é unir o útil ao agradável", conta. Para Maristela, o maior orgulho da profissão é ter formado tanto uma geração de leitores de quadrinhos quanto de quadrinistas, que hoje se destacam depois de terem passado pelos cursos da gibiteca. É o caso de José Aguiar, Romolo DHipóltyto e André Caliman, entre outros.
A gibiteca oferece cem vagas por semestre em seus cursos, sempre lotados. São quatro turmas de desenho HQ (dividas nos níveis básico, intermediário e avançado) e uma de mangá. "Antes, as pessoas gostavam de quadrinhos meio escondidas. Hoje está mais aberto, a linguagem é trabalhada nas escolas", diz a coordenadora.
A Gibiteca de Curitiba foi idealizada em 1982 pelos arquitetos Key Imaguire, Abrão Assad e Domingos Bongestabs.
Aprendendo
Entre os alunos do curso de mangá está o estudante Miguel Gomes de Almeida, 16, que diz gostar de quadrinhos e animações japonesas desde criança, incentivado pelo pai. Embora já desenhasse por prazer, o curso está incorporando novas técnicas a seu repertório.
Já Jennifer Tanida, 14, foi informada do curso pela sua mãe. "Não descarto o desenho como opção profissional, mas venho aqui mais por gosto mesmo. Já melhorei bastante em dois meses de curso."