Um ano depois, a flâmula azul-celeste da ONU voltou a figurar entre as bandeiras de Curitiba, Paraná e Brasil. Depois de sediar um megaevento de debate ambiental a 8.ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP8) , a capital paranaense volta a receber um evento internacional, mas de proporções muito menores. A sensação é de estar em uma mini-COP, com o burburinho em diversas línguas e o vaivém de diplomatas em ternos bem cortados. O sistema de tradução simultânea foi mantido, mas o esquema de segurança em nada lembra o de março passado.
O prefeito Beto Richa fez questão de frisar que não é a primeira vez que Curitiba sedia um encontro que reúne gestores locais em torno de temas ambientais. A cidade foi pioneira há 15 anos, pouco antes do RIO-92, quando promoveu o encontro com cerca de 300 autoridades municipais. Do Fórum Mundial das Cidades saiu o Compromisso de Curitiba, em que os municípios se comprometiam a buscar soluções ecológicas para os seus problemas.
O ex-governador Jaime Lerner era prefeito de Curitiba em 1992 e lamenta que as sugestões apontadas pelo Fórum não tenham sido colocadas em prática na maioria das cidades. Entre elas já estava a redução do uso de veículos particulares (já que os automóveis são responsáveis por 50% da emissão de monóxido de carbono), o reaproveitamento do lixo e a reavaliação do espaço urbano.
"Muitas ainda não adotaram esse caminho 15 anos depois. Ou seja, perdemos muito tempo", avalia. Lerner acredita que o momento em que as autoridades municipais serão obrigadas a tomar medidas está próximo seja pela pressão popular, pelo desgaste ambiental ou mesmo pela necessidade de apresentar contrapartidas para conseguir financiamentos públicos.
Com uma palestra sobre urbanismo, que acabou muito mais voltada para a questão do transporte coletivo, Lerner foi um dos convidados de honra do evento. Ele defendeu que, independente da escala e da capacidade financeira, é possível melhorar consideravelmente a qualidade de vida numa cidade apenas com vontade política e soluções planejadas. Além de prefeitos e representantes de cidades brasileiras, como Goiânia, Vitória, Porto Alegre e Belo Horizonte, técnicos de 11 países estão em Curitiba: África do Sul, Alemanha, Canadá, Uruguai, Peru, Coréia do Sul, Japão, Etiópia, Quênia, França e República Dominicana.
A ausência mais sentida na manhã de ontem foi a da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. A justificativa oficial era de que ela foi convocada para uma reunião de última hora com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O encontro reacendeu as especulações de que a reforma ministerial pode incluir a pasta comandada por Marina. (KB)
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