Maringá – O prazer de um simples cafezinho significava um trabalho árduo: era preciso cortar tora de madeira com um machado, buscar o café na tulha, descascar, torrar em uma panela de ferro, moer no pilão para depois passar na água fervida no fogão a lenha. Os primeiros anos de trabalho em Mandaguari, a 30 quilômetros de Maringá, são recordados com emoção por Maria Augusta de Oliveira, hoje com 87 anos. Ela chegou à região com a família, em 1939. A visita ao Memorial dos Pioneiros permitiu essa viagem no tempo.

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A casa de madeira foi construída em 1937 às margens de um rio. Hoje ela é uma espécie de museu, criado por iniciativa de outro pioneiro da cidade, o agricultor Aleixo Leão de Oliveira. Ele quis homenagear famílias, que, assim como a dele, transformaram a região de mata fechada em prósperas propriedades rurais, contribuindo para o desenvolvimento da cidade. "Seo" Aleixo morreu em 2003, aos 97 anos. O projeto do memorial foi assumido pela filha, Afra de Oliveira, de 62 anos. "O povo estava carente de cultura, da nossa história", justifica. O primeiro passo foi levantar o acervo. "A gente chegava às casas das pessoas e elas se emocionavam ao lembrar dos parentes", relembra.

O imóvel de 30 m2 ficava em uma fazenda. Remontada com a madeira original com que foi construída, a casa foi decorada com móveis e objetos doados pelas famílias tradicionais. São ferros de passar roupa que pesam sete quilos e precisam ser aquecidos com carvão, lamparinas, colchões de palha, ratoeira feita com garrafa de vidro, entre outros utensílios que despertam a curiosidade dos mais novos.

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Também fazem parte do acervo objetos e documentos históricos como um crucifixo de 1889, um almiré espanhol datado de 1866 e feito de bronze para amassar temperos e um recibo de pagamento de imposto sobre um terreno de 20 alqueires em 1938. O projeto foi colocado em prática em uma ação entre comunidade, instituições, empresas e poder público. "É a valorização dos verdadeiros responsáveis pela construção da cidade", afirma o prefeito Cyllêneo Pessoa Pereira Junior (PP). Até o final do primeiro semestre de 2006 a prefeitura deve escolher o local definitivo do memorial, que foi montado provisoriamente na praça central da cidade. A intenção é incluí-lo no roteiro turístico municipal e ajudar a contar a história do Paraná.