A classificação dos alimentos para a manutenção de uma dieta saudável ganhou um novo formato. A pirâmide, que hierarquiza o consumo dos alimentos de acordo com sua composição, deu lugar a um prato. A nova configuração foi apresentada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no início do mês.
Conhecido como "my plate", o novo modelo não é novidade no Brasil e já é recomendado pelos profissionais do país há anos. Ele orienta que uma refeição deve ser composta principalmente por frutas e legumes, além de porções de grãos e proteínas. A proporção sugerida é metade do prato com os vegetais, ¼ de grãos, ¼ de proteínas e ainda uma porção de laticínios.
O modelo do prato é considerado mais eficaz para orientar a população sobre como balancear as refeições. Além disso, é possível utilizar a mesma proporção tanto para o café da manhã quanto para o almoço ou o jantar. "Este modelo é mais simples de orientar como se deve montar um prato. Já a pirâmide soa como algo mais científico, difícil de visualizar e de entender", avalia a professora do Departamento de Nutrição da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Regina Maria Ferreira Lang. Ela também considera a pirâmide como um modelo eficaz, mas que não dá o entendimento exato do que é uma porção de cada alimento. "A pirâmide classifica o que se deve consumir em um dia, já o prato é adaptado para cada refeição", explica.
A reunião de variados tipos de alimentos na mesma refeição é um dos principais benefícios que o modelo de prato traz para a manutenção de uma dieta saudável, na avaliação do presidente da Sociedade Paranaense de Gastroenterologia e Nutrição, Julio César Pisani.
"Quanto mais variada é a refeição e mais elementos tiver, melhor a nutrição", afirma. Ele ressalta que é importante oferecer ao organismo tudo o que ele necessita e que a quantidade de alimentos consumidos é um dos principais fatores para uma dieta saudável. De acordo com Pisani, é essencial incorporar estas medidas ao dia a dia. "Viver bem implica a aprender a comer e comer o suficiente para ter uma vida normal."
Diferenças
Na pirâmide tradicional, a base é composta pelos alimentos mais recomendados, como os carboidratos e os vegetais, espécie de combustível e fontes de vitaminas para o corpo. No nível intermediário estão os ovos, o leite e demais leguminosas, enquanto o topo da pirâmide concentra o açúcar e a gordura, que devem ser evitados. "Ela serve como um guia para escolhas saudáveis, pautadas na adequação da proporção entre os grupos de alimentos. Porém é preciso muita explicação para entender, por exemplo, que no topo está o pior, o que deve ser consumido com moderação. Geralmente as pirâmides colocam o melhor no topo", pontua a nutricionista Mariana Del Bosco, integrante da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso).