Comércio de DVDs piratas no Centro de Curitiba: comerciantes e associações pedem fiscalização mais intensa| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Foz do Iguaçu - Os crimes de contrabando e descaminho de DVDs e CDs piratas cometidos dentro do território nacional serão julgados na Justiça estadual. A decisão foi tomada na semana passada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Com a mudança, apenas os contrabandistas presos em flagrante atravessando de um país para o outro com DVDs e CDs serão julgados pela Justiça Federal.

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De acordo com a decisão do ministro Napoleão Nunes Maia Filho, quando não houver transnacionalidade – a passagem de um país para outro com a mercadoria – os crimes serão apurados e julgados na comarca da cidade onde aconteceu o flagrante.

Para o coordenador da Câmara Setorial de Videolocadoras da Associação Comercial do Paraná (ACP), Roberto Olívio, a decisão traz alívio para a categoria. "Com a apuração do crime na Justiça estadual, os processos andarão mais rápido, os julgamentos serão mais ágeis. Na Justiça Federal, os juízes estão atolados de processos e não dão conta de tudo", diz.

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Mesmo otimista, Roberto Olívio, que também preside a As­­sociação Paranaense de Combate à Pirataria (APCP), afirma que não basta agilidade nos processos: os órgãos de fiscalização também têm de fazer a sua parte. "Sem fiscalização não tem flagrante, não tem inquérito, não tem processo. Tem de haver fiscalização", pede.

Segundo informações da assessoria de imprensa da Associação Antipirataria de Cinema e Música (APCM), a maior parte dos processos sobre pirataria já vem sendo julgada pela Justiça estadual e a decisão do STJ apenas corrobora esta prática.

O contrabando e descaminho de outras mercadorias, como pneus, drogas, armas, brinquedos, bebidas e cigarros, continuarão sendo julgados na comarca da Justiça Federal em que o crime foi cometido. A lei antipirataria prevê de 1 a 4 anos de prisão e multa para quem fabricar, distribuir, vender e comprar CDs e DVDs piratas.

Apreensões

O volume de apreensões de mídia óptica gravada – CDs e DVDs piratas – pela Delegacia da Receita Federal em Foz do Iguaçu, no Oeste do estado, sofreu uma queda de 41% de 2008 para 2009: foram R$ 969 mil no passado contra R$ 1,6 milhão no ano anterior. De acordo com o delegado-chefe Gilberto Tragancin, isso não significa que a pirataria tenha diminuído. "Essa é uma tendência que vem sendo observada por nós: a pirataria está sendo produzida internamente em pequenos laboratórios, mais perto dos centros de consumo. Ela está deixando de ser importada do Paraguai", analisa.

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Rafael Belini, secretário executivo do Fórum Nacional Contra a Pirataria e Ilegalidade (FNCP), concorda com o delegado. Na opinião dele, o risco e o custo de buscar CDs e DVDs no Paraguai é muito grande. "Ficou mais barato e prático produzir e vender no Brasil", diz.

Roberto Olívio ressalta que essa interiorização da produção de material pirata é resultado da modernização da informática. "Hoje você não precisa de um grande laboratório para produzir CDs e DVDs piratas. Com um computador moderno em casa, é possível fabricar centenas, milhares de DVDs e CDs", afirma.

Estatísticas levantadas pela APCM mostram que pelo menos 60% dos produtos oferecidos pela indústria fonográfica são pirateados, ou seja, para cada 10 CDs e DVDs consumidos pela população, 6 são piratas. Isso, segundo os dados da APCM, causa um prejuízo anual de R$ 354 milhões para a indústria e deixa de gerar 20 mil postos de trabalho por ano. No Paraná, segundo a APCP, em 2007 havia 1,2 mil locadoras registradas no estado; hoje existem apenas 600. O mo­­vimento, de acordo a Associação, caiu 60% em dois anos.