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Construção

Pista de avião abre polêmica ambiental

José Mourinho teve o contrato renovado com o Real Madrid até 2016 | AFP
José Mourinho teve o contrato renovado com o Real Madrid até 2016 (Foto: AFP)

A construção de um aeródromo particular em Pi­raquara, Região Metro­po­­litana de Curitiba, colocou ambientalistas e empresários em rota de colisão. Registrada na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a obra foi embargada pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) devido à falta de licenças.

A pista de pousos e decolagens pertence à empresa Portal da Graciosa Logística Ltda. Os sócios são os filhos de Luiz Bonacin, proprietário da fazenda cortada pela obra, e de Francisco Simeão, dono da empresa BS Colway.

O IAP informa que uma licença foi emitida em 2011 para a terraplanagem na pista para aviões de pequeno porte já existente, chamada de Bonacin I. A autorização foi concedida, diz o órgão, porque não haveria necessidade de desmate na região. O aeródromo é vizinho do Parque Estadual da Serra da Baitaca e está dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) do Iraí.

Em 2012, porém, a Portal da Graciosa teria iniciado a pavimentação da pista sem pedir novo licenciamento ambiental. Por isso, a continuidade da obra está proibida até que sejam regularizados os procedimentos necessários. No dia 17 de agosto, a empresa solicitou a licença prévia para término da pista. O pedido está em análise.

Grupos ambientais da região se uniram para tentar impedir o reinício dos trabalhos no local. Segundo Cláudio Jésus de Oliveira Esteves, doutor em geografia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e morador de Quatro Barras, as escavações já atingiram o lençol freático e podem afetar o abastecimento de água. "Isso [as escavações] é uma interferência no sistema hídrico, já que os principais mananciais da cidade estão lá e afetará toda a região", critica.

A pedido da Gazeta do Povo, Altair Rosa, professor do curso de engenharia ambiental da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), analisou fotos da obra. "Teve desmatamento e grande movimentação de terra para fazer algo parecido com um duto. Isso pode causar uma série de impactos ambientais."

Interferência

Outra preocupação dos ambientalistas contrários ao aeródromo é a preservação de aves do Parque da Serra da Baitaca. Esteves alerta que a localização da pista está na rota de aves como a baitaca (Pionus Maximiliani) e a curicaca (Theristicus caudatus). Segundo o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, são registradas quatro colisões de animais com aviões por dia no Brasil.

De acordo com o Decreto nº 1.753/96, a APA do Iraí protege os recursos naturais da região, em especial a quantidade e qualidade da água para fins de abastecimento público da bacia hidrográfica do rio Iraí.

Outro decreto, publicado em 2000, vedou a implantação, nas proximidades de áreas de preservação ambiental, de atividades consideradas perigosas, poluentes ou perturbadoras, como as que produzem ruídos, trepidações e poeira.

Bonacin II terá 1,2 mil metros de extensão

A Agência Nacional de Avia­­ção Civil (Anac) não tem registros do Bonacin I, aeródromo particular que existe há mais de oito anos, segundo os proprietários. Mas a nova pista, chamada de Bonacin II, já tem registro no órgão federal.

O empresário Francisco Simeão assegura que o aeródromo anterior está regular. "Aquela pista de pouso privada está homologada pela Anac há mais de oito anos. Ela só está sendo remodelada porque a Copel passou um cabeamento de energia próximo a uma das cabeceiras". O Bonacin II, de acordo com a Anac, terá pista de pousos e decolagens com 1,2 mil metros de extensão e 20 metros de largura.

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