O estudante gaúcho Jéferson Santos Fróes, de 21 anos, não vai esquecer tão cedo das últimas férias em Curitiba. Ele e o primo Douglas, 19 anos, que mora na capital paranaense, foram espancados até desmaiar por um grupo de pitboys curitibanos pouco depois de saírem de uma festa de aniversário no Yankee American Bar, no bairro Batel. A agressão aconteceu no domingo passado, num ponto de ônibus do Centro. Jéferson teve alta ontem do Hospital Cajuru, onde ficou internado durante cinco dias por causa de fratura no crânio. Não foi o primeiro caso neste ano, em Curitiba, de jovens que agridem pessoas apenas por diversão.

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Eram 6 horas da manhã quando um Celta vermelho furou o sinal e quase atropelou Jéferson e Douglas. A primeira reação foi xingar o motorista e isso bastou para que o carro parasse e de dentro saíssem dois "valentões de academia" que avançaram direto para cima dos rapazes. Jéferson caiu no primeiro soco e ainda levou alguns chutes antes que os agressores percebessem o desmaio. Douglas demorou um pouco mais para cair e não chegou a perder os sentidos. Os dois agressores entraram no carro, onde havia mais dois, e saíram em disparada. As vítimas não conseguiram anotar a placa do veículo.

Jéferson levou alguns minutos para se recuperar. Já na casa da tia, Inês Moraes Fróes, começou a ter convulsões e foi internado no hospital. Ao ser informado do incidente com o filho, o tenente da Polícia Militar Paulo Morais Fróes saiu em disparada de Santo Ângelo (RS), onde mora, e chegou a fundir o motor do carro na altura de União da Vitória, na divisa entre Santa Catarina e Paraná. O mesmo fez a mãe, Marinês da Silva Santos, que é funcionária pública num presídio em Nova Prata, na Serra Gaúcha. Jéferson voltaria no domingo para Porto Alegre, onde mora e trabalha, mas terá de ficar pelo menos mais quatro dias em observação em Curitiba antes de viajar.

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"Sorte que eu desmaiei, senão seria pior, eles não iam parar de bater", diz Jéferson. À espera da alta do filho no hospital, os pais dizem não querer vingança, mas querem tornar o caso público para que outras vítimas sintam-se estimuladas a denunciar. "Não queremos nem saber quem são, só queremos que não façam mais isso", diz Marinês. Ao fazer o boletim de ocorrência no 7.º Distrito Policial, a tia de Jéferson – mãe de Douglas – descobriu que grupos de pitboys estão barbarizando em Curitiba, mas as vítimas não costumam denunciá-los. "As pessoas têm de parar de pensar que nada vai acontecer com eles", diz Inês, que é diretora do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) do Hauer.

Outro episódio semelhante aconteceu em maio, em Curitiba. Um rapaz de 18 anos saiu com os amigos e, às 5 horas da manhã, parou sozinho na estação-tubo do Teatro Paiol para pegar o ônibus de volta para casa. Foi quando surgiram quatro rapazes e sem que fossem provocados começaram a espancá-lo. O grupo não roubou nada, simplesmente o espancou e depois foi embora. "Ele ficou vários dias com dor de cabeça", conta a mãe, que mora em São José dos Pinhais e prefere não se identificar.