As linhas metropolitanas integradas consideradas as vilãs da tarifa têm qualidade inversamente proporcional ao custo conferido a elas pelos gestores do transporte público de Curitiba e região metropolitana. A reportagem da Gazeta do Povo viajou nas 13 linhas metropolitanas que mais transportam passageiros para cada uma das cidades integradas e encontrou superlotação, elevado tempo de espera e veículos velhos.
Foram levadas em consideração as linhas que mais transportam passageiros por dia útil. Em Pinhais, por exemplo, a Gazeta do Povo viajou na linha Campo Comprido-Pinhais. Transporta 21 mil passageiros por dia a mais movimentada das 106 metropolitanas integradas. Mas há usuários que a utilizam apenas dentro de Curitiba.
Para quem sai do centro de Curitiba com destino a Pinhais, a linha que vem de Campo Comprido é a mais rápida. O problema ali é o embarque na estação tubo da Praça Tirantes. Muitas vezes, o ônibus já vem cheio e a fila é quilométrica. No terminal metropolitano, nova dor de cabeça com os alimentadores integrados.
"Tenho até dó de quem precisa dessas linhas no horário de pico", lamenta a vendedora Lindamira Rodrigues, 48 anos, que trabalha em Curitiba e utiliza o alimentador Planta Karla.
Estrutura
Devido às longas distâncias percorridas por essas linhas, a estrutura viária também é problema recorrente. Sem corredores exclusivos para a maioria dos municípios vizinhos, passageiros enfrentam longos congestionamentos. A linha Curitiba-Araucária, por exemplo, tem trajeto mais curto que a de Campo Largo e leva quase o dobro do tempo.
"Demoro quase uma hora no trajeto. Deveriam priorizar o transporte público, porque é mais justo com a cidade", diz um motorista da Linha Araucária-Curitiba.
Isso não quer dizer que Campo Largo esteja longe de queixas. Apesar de elogiar a velocidade dos ligeirinhos que a levam para casa, Lucília Rocha, 66, reclama da frequência nos fins de semana. "Aos sábados, dia em que quase todo mundo trabalha, tiram os articulados e colocam o povo de dois ônibus em um", protesta a auxiliar de serviços gerais.
De modo geral, a reportagem encontrou nessas 12 linhas veículos com idade inferior ao máximo previsto em contrato que é de dez anos. Mas motoristas relataram que essa não é a regra na Região Metropolitana. "A idade de muitos carros venceu faz tempo", diz um profissional da linha 923 que liga Campo Magro a Santa Felicidade. Outro motorista vai além. "Temos carros da década de 90 rodando em algumas cidades", informa o profissional.
"Tomei chuva no ônibus", diz pedreiroUm dos municípios integrados mais distante de Curitiba é Contenda. Chegar lá pagando R$ 2,85 só é possível com a integração em Araucária. Opção que é arriscada, segundo o pedreiro Valdomiro Cordeiro, 59 anos.
"Chega lá [Em Araucária] e os horários não batem. Tem de esperar tudo de novo", diz Cordeiro, comparando a opção com a Linha R71 -- que parte da Alameda Doutor Muricy.