Um dos principais elementos para municiar a população na guerra contra as ameaças de censura do Projeto de Lei 2.630/2020 – o PL das Fake News ou PL da Censura – é um placar online que registra a intenção de voto de cada deputado.
Chamado de "Placar do PL 2630", a ferramenta tem servido como instrumento de pressão aos deputados que estão "em cima do muro". Usuários contrários ao projeto têm compartilhado com frequência o placar para chamar a atenção de seus contatos sobre quais parlamentares ainda não se decidiram.
O site registra a atual posição – ou a ausência de posicionamento – de cada um dos 513 deputados em exercício. Até as 21 horas desta segunda-feira (8), havia 245 contrários ao PL 2.630, 218 favoráveis e 50 parlamentares que não se posicionaram.
Quem administra o placar é o Boletim da Liberdade, site de notícias relacionadas com liberdade de expressão coordenado pelo ex-deputado federal Paulo Ganime e sua mulher, a jornalista Sara Ganime.
Segundo o ex-parlamentar, eles contam com diversos voluntários e não se atêm a um único método para descobrir o posicionamento dos deputados. "Fizemos de algumas formas: consulta direta, posicionamento público nas redes sociais e mobilização dos próprios deputados que falavam com os colegas e nos enviavam o posicionamento", diz.
Para Ganime, houve influência evidente do painel na pressão popular que resultou, na semana passada, na retirada de pauta do PL 2.630. "O painel foi usado para mobilizar a população, políticos e influenciadores. Além do placar, tinha também o posicionamento de cada deputado. Isso ajudava a população a identificar com qual deputado ela deveria entrar em contato para conversar e tentar mudar o voto", afirma.
Cada deputado ganhou um perfil no site em que se podem obter o e-mail, o telefone do gabinete do parlamentar e os endereços de seu Facebook, Instagram e Twitter. O usuário pode filtrar entre deputados que manifestaram seu voto a favor ou contra ou que ainda não abriram seu posicionamento.
Ganime diz que "foram muitos" os deputados influenciados pela pressão popular. De fato, o número de parlamentares que se manifestava a favor do projeto caiu entre o momento aprovação do requerimento de urgência, no dia 25 de abril, e o dia 2 de maio, quando o PL entrou na pauta da Câmara; já a quantidade de parlamentares contrários ao projeto aumentou substancialmente.
O impacto do Placar do PL 2630 fica claro no caso do deputado Luciano Alves (PSD-PR), que votou a favor do requerimento de urgência sem revelar sua opinião sobre a matéria em si, mas que depois cedeu e se posicionou abertamente contra o projeto. Ele recebeu uma enxurrada de comentários depois de postar a foto de uma reunião sua com Orlando Silva (PCdoB-SP), relator do projeto, em seu Instagram, porque ainda era marcado como neutro no placar.
"Cadê seu voto 'não'?", questionou um usuário. Na publicação seguinte, Alves postou um vídeo sobre o PL 2.630 junto com o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), ainda sem deixar claro seu posicionamento, e recebeu mais centenas de comentários, quase todos eles pressionando sobre o voto. Depois da reação nas redes, Alves deixou de ser marcado como neutro no Placar do PL 2630 e agora é um dos deputados contrários ao projeto.
Mesmo após a retirada de pauta, Ganime destaca a necessidade de manter a pressão popular, e afirma que o Boletim da Liberdade continuará monitorando as intenções de voto dos deputados. "Enquanto nossa liberdade e a democracia estiverem em risco com esse projeto, vamos continuar acompanhando, divulgando e mobilizando."
Quem são os deputados que ainda não se posicionaram sobre o PL 2.630
Andreia Siqueira (MDB-PA)
Antônio Doido (MDB-PA)
Arnaldo Jardim (CIDADANIA-SP)
Arthur Lira (PP-AL)
Átila Lins (PSD-AM)
Átila Lira (PP-PI)
Baleia Rossi (MDB-SP)
Beto Pereira (PSDB-MS)
Carlos Henrique Gaguim (UNIÃO-TO)
Célio Studart (PSD-CE)
Celso Sabino (UNIÃO-PA)
Cezinha de Madureira (PSD-SP)
Clodoaldo Magalhães (PV-PE)
Damião Feliciano (UNIÃO-PB)
Daniel Barbosa (PP-AL)
David Soares (UNIÃO-SP)
Domingos Neto (PSD-CE)
Euclydes Pettersen (REPUBLICANOS-MG)
Fábio Macedo (PODE-MA)
Fernando Monteiro (PP-PE)
Flávia Morais (PDT-GO)
Gabriel Nunes (PSD-BA)
Helena Lima (MDB-RR)
Hercílio Coelho Diniz (MDB-MG)
João Carlos Bacelar (PL-BA)
João Leão (PP-BA)
João Maia (PL-RN)
Júlio Cesar (PSD-PI)
Julio Lopes (PP-RJ)
Júnior Mano (PL-CE)
Luis Tibé (AVANTE-MG)
Marcelo Queiroz (PP-RJ)
Marcos Soares (UNIÃO-RJ)
Marcos Tavares (PDT-RJ)
Marreca Filho (PATRIOTA-MA)
Matheus Noronha (PL-CE)
Meire Serafim (UNIÃO-AC)
Mersinho Lucena (PP-PB)
Murillo Gouvea (UNIÃO-RJ)
Newton Cardoso Jr (MDB-MG)
Paulo Alexandre Barbosa (PSDB-SP)
Paulo Magalhães (PSD-BA)
Raimundo Costa (PODE-BA)
Renata Abreu (PODE-SP)
Ricardo Ayres (REPUBLICANOS-TO)
Ricardo Maia (MDB-BA)
Simone Marquetto (MDB-SP)
Toninho Wandscheer (PP-PR)
Vinicius Gurgel (PL-AP)
Wellington Roberto (PL-PB)
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