Sob o comando da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o Planalto vai reunir na quarta e quinta-feira dirigentes e técnicos dos Ministérios dos Transportes e da Fazenda, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para tratar exclusivamente do trem-bala brasileiro.
Durante os dois dias, os funcionários do governo conhecerão o estudo preparado pela consultoria britânica Halcrow sobre o traçado, o modelo de negócios, o potencial de passageiros e a viabilidade econômica do primeiro trem de alta velocidade das Américas.
Trata-se do mais audacioso plano de investimentos do governo para os próximos anos. A Halcrow projetou gastos de US$ 11 bilhões para as obras. Cálculos do mercado, no entanto, apontam para a necessidade de investimentos de algo em torno de US$ 14 bilhões.
A ideia é que fique pronto um pouco antes do início da Copa do Mundo de 2014. Depois das reuniões dos dias 15 e 16, o projeto deve ficar à disposição para consulta pública na internet.
Assim que o projeto for aprovado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), a ANTT iniciará licitação. Seus diretores acreditam que em agosto já será possível anunciar a concorrência internacional bilionária num pregão na Bovespa. Seis grupos estrangeiros já procuram sócios para a concorrência. Entre eles, Siemens, China Railwais, Ansaldo Breda, Alstom e Mitsui, além de estatais coreanas.
Boa parte da verba para o trem-bala sairá dos cofres públicos. Depois de concluída a obra, ela deverá ser privatizada. Tanto deve ser assim que na última quarta-feira o Diário Oficial da União ratificou a inclusão do trem-bala no Programa Nacional de Desestatização.
Por enquanto, o TAV será administrado pela estatal Valec. No governo, há os que defendem a criação de outra estatal, que cuidaria também de outras ferrovias que surgirem. Como a licitação exigirá a transferência de tecnologia por parte do vencedor, entende-se que outros trens deverão ligar cidades com grande demanda por transporte.
No governo há até os que sonham em ver o Brasil transformado numa Espanha, que interligou suas cidades com trens-bala e aproveitou as linhas mais lentas para programas de fins de semana, como o trem que parte de Madri em ocasiões especiais para fazer todo o roteiro da Mancha, por onde teria passado dom Quixote nas descrições do clássico de Miguel de Cervantes.