O governo federal vê risco elevado de greve da Polícia Militar baiana se alastrar para mais seis estados. O Rio é o mais crítico de todos, inclusive pelo temor de haver cenas violentas às vésperas do carnaval. Além do Rio, onde a polícia decide amanhã se para ou não, o serviço de inteligência do Palácio do Planalto classifica como "estados explosivos" Pará, Paraná, Alagoas, Espírito Santo e Rio Grande do Sul.
O monitoramento começou após os conflitos se agravarem em Salvador, onde a greve foi decretada há uma semana. O governo federal está atento ainda ao Distrito Federal, que registrou protesto de apoio aos PMs da Bahia. "Se não tiver aumento, não terá segurança no carnaval. Se está ruim em Brasília, imagina em outros estados?", disse o sargento Edvaldo Farias, da Associação dos Oficiais Administrativos da PM. O piso brasiliense, de R$ 4.000, é o maior do país. Na Bahia, é de R$ 2.173,87.
A presidente Dilma Rousseff foi comunicada na sexta de que o levante baiano fazia parte de uma articulação nacional para pressionar o governo a apoiar, no Congresso, a aprovação da PEC 300. A proposta de emenda constitucional estabelece um piso salarial para bombeiros e PMs. O problema é que, por limitações de verba, nem estados nem a União estão dispostos a bancar a medida.
Impasse
O líder do movimento grevista, Marco Prisco, diz que as reivindicações salariais estão "bem encaminhadas". O problema está no pedido de prisão dos líderes do movimento, decretado pela Justiça. Ele diz que ninguém retornará ao trabalho sem uma anistia geral.
Prisco é do PSDB, adversário político do PT do governador do estado, Jaques Wagner. Após a tentativa frustrada de acordo, manifestantes grevistas foram à rampa da Assembleia e gritaram em coro: "Ôôô, o carnaval acabou!" O governador ligou o movimento grevista à morte de moradores de rua. Segundo Wagner, a Bahia é o décimo estado em que o movimento atua. "[Eles] Têm inclusive uma cartilha, na qual fica claro que a ideia é criar o pânico, amedrontar todos, inclusive o governador."
Polícia Civil paranaense dá prazo de uma semana
Os policiais civis do Paraná descartaram a possibilidade de novas manifestações até 14 de fevereiro. A categoria aguarda para essa data uma proposta do governo estadual de uma tabela com os vencimentos e progressões de carreira. Essa foi a definição da assembleia realizada em Curitiba na noite de segunda-feira, de acordo com o Sindicato das Classes Policiais Civis do Paraná (Sinclapol).
Operações como a do Parolin, em Curitiba, quando policias fecharam um cassino clandestino, não serão realizadas. Os agentes agiram "por contra própria", sem a coordenação de um delegado e isso gerou uma crise na Polícia Civil.
Segundo o presidente do Sinclapol, André Gutierrez, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) assumiu o compromisso de implantar os subsídios (forma de pagamento que incorpora gratificações aos salários dos policiais) em 60 dias e o prazo começou a contar em 23 de janeiro.
Após a apresentação da tabela, os policiais farão nova assembleia em 15 de fevereiro para avaliar a proposta. Caso não seja satisfatória, os policiais podem fazer greve já no dia 15. O presidente do Sinclapol confirmou à reportagem a possibilidade da greve. Além disso, todos os policiais do interior deverão vir para Curitiba participar da paralisação.