O governo federal vai tentar traçar uma estratégia conjunta com São Paulo e Rio de Janeiro para coibir e punir de forma mais eficiente atos de violência e vandalismo em protestos.

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Foi marcada para amanhã reunião com os secretários de segurança dos dois Estados no Ministério da Justiça, em Brasília, para definir as principais medidas a serem tomadas.

"Não significa reprimir liberdade de manifestação, mas [fazer] análise de inteligência, investigar e aplicar punição da melhor forma possível às pessoas que transgridem a lei", afirmou hoje o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça). Segundo o ministro, Rio e São Paulo foram escolhidos porque são os locais onde os protestos "recorrentemente" têm terminado com atos de vandalismo.

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A decisão foi tomada depois que o protesto contra a morte de um adolescente durante abordagem da Polícia Militar levou pânico a bairros da zona norte de São Paulo, com veículos incendiados, lojas saqueadas, motoristas roubados e a interdição por pelo menos quatro horas da principal ligação rodoviária entre São Paulo e Minas Gerais.

Ontem, além de colocarem fogo em seis ônibus e três caminhões, participantes da manifestação armados deram tiros ao saquear um comércio e atingiram um pedestre na av. Milton Rocha (Vila Medeiros). Na manhã de hoje, a polícia liberou 32 pessoas, detidas por suspeita de terem participado dos atos de vandalismo e protestos que bloquearam a rodovia Fernão Dias.

Mais polícia

De imediato, para ajudar a combater a série de protestos em São Paulo, homens da Polícia Rodoviária Federal do Rio serão removidos para reforçar a segurança na rodovia Fernão Dias.

Na manhã de hoje, uma reunião entre representantes da Polícia Rodoviária Federal e do governo paulista acertou detalhes de como será o trabalho em conjunto.

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Sem dar detalhes como quantos policiais vão reforçar a segurança e como será o trabalho em conjunto em São Paulo, Cardozo afirmou que a PRF só pode conter ilícitos nas rodovias federais. Ele foi surpreendido com a informação de que um sobrevoo sobre um trecho de 90 quilômetros da rodovia não localizou nenhuma viatura da polícia na manhã de hoje.

Na noite de ontem, Cardozo foi acionado pelo secretário da Segurança Pública de Geraldo Alckmin (PSDB), Fernando Grella. O governo tucano cobrou a participação da Polícia Rodoviária Federal para ajudar a conter atos violentos numa rodovia que é de competência federal.

Cardozo disse que a ligação foi para pedir "sintonia" e que representantes dos dois governos vão se reunir hoje para definir uma estratégia policial comum em manifestações desse tipo.

Afinamento

"A política em relação a atos de vandalismo é maior que isso", afirmou Cardozo hoje. Além de se reunir com os secretários do Rio e de São Paulo, ele quer também conversar sobre medidas contra atos de vandalismo com Rodrigo Janot, presidente do Conselho do Ministério Público, e Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça. "Queremos buscar um afinamento não só dos órgãos de segurança publica mas do MP e do judiciário, para dar uma resposta correta nos termos da lei"

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Segundo o ministro, a presidente Dilma Rousseff pediu que o Ministério da Justiça zelasse pelo caso e tomasse providencias dentro da lei.

Nesta terça, Dilma também a morte do adolescente Douglas Rodrigues, 17, assassinado anteontem por um policial militar na Vila Medeiros, zona norte de São Paulo. Ela disse, em sua conta no Twitter, que "assim como Douglas, milhares de outros jovens negros da periferia são vitimas cotidianas da violência". "A violência contra a periferia é a manifestação mais forte da desigualdade no Brasil", escreveu a presidente.

Aproximadamente 90 pessoas foram detidas por atos de violência, que já tinham ocorrido anteontem e se espalharam por vários bairros e pela rodovia Fernão Dias.

O adolescente foi morto na madrugada de anteontem durante uma abordagem de policiais que foram atender a uma reclamação de barulho. O soldado Luciano Pinheiro Bispo, 31, foi preso em flagrante por homicídio culposo (sem intenção). O tiro, disse, foi acidental. Ele afirmou que a porta do carro fechou em sua mão, levando ao disparo.

A morte dele, contudo, foi o estopim de uma onda de protestos violentos. Na estrada, além de motoristas terem sido atacados (principalmente por jovens com rostos cobertos), passageiros foram obrigados a descer de um ônibus de turismo. Um caminhão com combustível teve seu volante assumido por um homem que andou na contramão.

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"Quando outras pessoas são feridas na sua integridade física e patrimonial, quando há abuso traduzido em prática de delitos, não se pode permitir", afirmou o ministro.