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Intervenções no Barigui trouxeram benefícios ao Campina do Siqueira

Na região do bairro Campina do Siqueira, os moradores do conjunto Moradias Olaria, acostumados com até três cheias por ano, já foram beneficiados pelas medidas do projeto piloto desenvolvido pela prefeitura na bacia do Rio Barigui. As intervenções no canal apontam para um maior espaçamento entre esse tipo de evento, que deve ocorrer a cada 10 anos. Com novas intervenções, a expectativa é de que o intervalo seja maior, de 25 anos.

Na outra margem do Barigui, algumas famílias, realocadas para o conjunto Moradias Bom Menino, percebem algumas mudanças. A dona de casa Francisca Pedro Oliveira Quitério, de 56 anos, mora há 16 anos na região e conta que desde o ano passado, quando deixou sua casa para morar na nova área oferecida pela Cohab, não sofre mais com os alagamentos.

De seu novo lar, a artesã Ana Lucia Ferreira, 40 anos, ainda vê a casa em que morava. No local, uma vizinha que ainda não foi beneficiada com a mudança mora com a família, porque sua casa foi destruída com as constantes cheias do rio. "Antes, alagava a rua todo o ano e mais de uma vez. Este ano e no passado, não tivemos problemas.

Plano Diretor

Além do diagnóstico, o plano de drenagem inclui medidas para a preservação das nascentes, melhoria da qualidade da água, reordenamento das ocupações irregulares, monitoramento do esgoto, entre outras.

É muito difícil evitar o crescimento de uma cidade ou interferir no clima, mas medidas de prevenção podem ser adotadas para diminuir eventuais danos ocasionados por problemas de drenagem. Os alagamentos causados por chuvas que não têm por onde escoar são uma situação comum nas grandes cidades e o governo federal já demonstrou preocupação com o assunto ao incluí-lo no Plano Nacional de Saneamento Básico. Em Curitiba, onde precipitações intensas em curtos espaços de tempo causam alagamentos em várias regiões, a prefeitura optou por fazer um diagnóstico das áreas de risco e desenvolver um Plano Diretor de Drenagem (PDD). O projeto está em fase de finalização e deve regular as ações dos governos estadual e municipal nas bacias dos rios Atuba, Belém, Barigui, Iguaçu e Padilha.

Mesmo sem a finalização do plano, algumas ações já estão sendo implementadas, como as obras na bacia do Rio Barigui. O pacote completo de intervenções inclui, além de ações de drenagem, o desassoreamento do rio e a construção de parques lineares.

Segundo Edu José Franco, engenheiro civil especialista em controle de enchentes e consultor da Secretaria Municipal de Obras no PDD, a ocupação desordenada em algumas áreas e o excesso de impermeabilização do solo faz com que novos problemas apareçam.

O estudo aponta que os pontos mais críticos da cidade no que diz respeito a alagamentos são as bacias dos rios Belém e Atuba. Franco lembra que áreas densamente povoadas da cidade – como os bairros Hauer, Boqueirão e Cajuru – estão localizadas em planícies de inundação. " É caro para tirar as pessoas de lá, sem falar no custo social, que é inaceitável. O prejuízo que se tem cada vez que se chove tem uma proporção de quase 5% do valor da área onde a inundação acontece", conta.

Canalizações

O coordenador do PDD, engenheiro Roberto Arruda, lembra que a capital paranaense conta com parques, onde é possível controlar a vazão das águas. Por causa disso, a canalização dos rios, processo adotado em vários países até a década de 90 e na capital paranaense, não representa um problema tão grande quanto em São Paulo, por exemplo, que optou por fazer "piscinões" para controlar a vazão das águas justamente por não ter mais espaços destinados ao escoamento.

O coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Carlos Hardt, afirma que as canalizações feitas em Curitiba resolveram as inundações que ocorriam no Círculo Militar e na região da Avenida Mariano Torres, nas décadas de 70 e 80, mas acabaram transferindo o problema para outros pontos.

Ao longo do tempo, essas técnicas foram evoluindo e atualmente, salvo em casos muito específicos, não são mais usadas.

Para Hardt, é fundamental que existam medidas estruturantes vindas do poder público, mas também é importante mostrar ao cidadão que ele pode colaborar.

Um exemplo é o aproveitamento dos quintais, que não precisam ser impermeabilizados. "Tem gente que tem um lote pequeno, de 50 m², e pensa que isso não faz diferença para o rio. Mas o conjunto de ações pequenas resulta numa melhoria grande de todo o sistema", defende.

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