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Em meio a um intenso debate entre grupos religiosos e militantes LGBT, vereadores aprovaram nesta terça (11) em primeira votação o Plano Municipal de Educação sem menções a questões de gênero.

A Câmara Municipal de São Paulo amanheceu nesta terça (11) cercada por grupos a favor de que a questão de gênero seja tratada nas escolas e os que são contra.

“Por trás do silicone também bate um coração”, cantava de cima de um carro de som o grupo a favor da diversidade sexual, enquanto religiosos rezavam o Pai Nosso contra a chamada “ideologia de gênero”.

No plenário, também dividido, o clima foi tenso.

Em seu discurso contra a questão de gênero no plano, o vereador Adilson Amadeu (PTB) chegou a dizer “cala boca, besta” a um homem que o mandou estudar.

Após acordo, de 44 vereadores que votaram, apenas Ricardo Young (PPS) e Toninho Vespoli (PSOL) se posicionaram contra o texto.

Apesar do placar largo para o sim, os vereadores admitiram que ainda há muitos pontos a serem resolvidos antes da aprovação do plano que estabelece diretrizes para a educação municipal. A discussão deve esquentar mais ainda no fim do mês, quando os parlamentares podem apresentar emendas e será feita a segunda votação do plano.

Em junho, pressionados, vereadores da Comissão de Finanças já haviam retirado a palavra gênero do texto de 50 páginas, que tinha o enfoque no combate à discriminação.

Para grupos religiosos, é uma intromissão do Estado na formação das crianças tratar de assuntos como a diferenciação entre cisgênero (que se identifica com o próprio sexo) e transgênero (que não se identificam), por exemplo.

“Não tenho nada contra se as pessoas virarem homossexuais quando estiverem adultos, mas sou contra o Estado confundir a cabeça de crianças pequenas”, afirmou a publicitária Sheila Graaff, 42, frequentadora da paróquia Nossa Senhora do Brasil. “Cada família tem valores que quer passar para os filhos”.

Usando um terno marrom e uma faixa sobre o peito, integrantes do Instituto Plínio Correia de Oliveira, grupo formado por fundadores da TFP (Tradição, Família e Propriedade), afirmaram que só deixariam de protestar quando o plano de educação passasse pela segunda votação e houvesse a garantia que a questão de gênero não fosse incluída novamente.

“A família é a célula básica da sociedade, estão querendo deturpar a família incluindo a questão de gênero”, disse.

Enquanto isso, sobre o carro de som, um padre afirmava que os militantes LGBT estavam sendo “usados” e que esperava encontrá-los todos convertidos no céu.

Do outro lado, um grupo menor, formado por estudantes e militantes da causa gay, se esforçavam para não ter suas falas encobertas pelos cantos religiosos.

Membro da Associação da Parada LGBT, o tecnólogo ambiental Nelson Matias Pereira, 49, afirmou que os religiosos estavam sendo “sacanas” ao tentar fazer parecer que o grupo queria impor sua visão. “Nós só queremos que a criança saiba definir o que é gênero e respeitar isso. É só isso que a gente quer, respeito”, afirmou.

Para o porteiro Gilson Rodrigues, 49, a retirada da questão de gênero do plano de educação deve ajudar a intensificar o preconceito. “A pessoa já nasce gay, lésbica, transgênero”, disse.

O vereador Gilberto Natalini (PV) afirmou que houve uma “cortina de fumaça”, que deixou de fora os principais temas relacionados à educação.

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