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alerta mundial

Plano de guerra “antizika” prevê gasto de R$ 120 mi e 30 centros de estudo da OMS

Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é uma das entidades que pesquisa as moléstias ligadas ao Aedes 
aegypti | Vinícius Marinho/Fiocruz Imagens
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é uma das entidades que pesquisa as moléstias ligadas ao Aedes aegypti (Foto: Vinícius Marinho/Fiocruz Imagens)

A Organização Mundial da Saúde (OMS) se lançou em uma corrida global contra o zika e o aumento dos casos de microcefalia. Os esforços têm como meta dar respostas ao fenômeno antes que essa situação atinja África e Ásia, regiões com as maiores taxas de natalidade do mundo. Nessa terça-feira (2), a entidade começou a desenhar seu plano de resposta, com criação de até 30 centros de pesquisa pelo mundo e gasto inicial de R$ 120 milhões. Mas já indicou que o custo para deter as doenças e o Aedes aegypti será de “bilhões”.

Uma unidade especial com cerca de 50 especialistas foi criada na entidade, liderada pelo canadense Bruce Aylward. A OMS vai padronizar diagnósticos de microcefalia e abrir centros para tentar identificar a doença pelo mundo. “Trata-se de um verdadeiro plano de guerra”, disse um dos integrantes da equipe. Na segunda-feira (1º), o surto de casos de microcefalia e outros distúrbios neurológicos em regiões com registro de zika vírus foi definido pela entidade como emergência internacional.

À reportagem, Aylward indicou que a operação vai custar US$ 10,5 milhões (R$ 42 milhões) só ao ser implementada. Em dez dias, um fundo global será lançado, com um apelo a doadores. “A operação vai certamente custar milhões de dólares”, confirmou Anthony Costello, integrante da nova unidade e diretor do Departamento de Saúde Infantil da OMS.

Ninguém esconde que a meta é começar a dar respostas sobre o vírus antes que ele chegue à África e à Ásia, continentes com serviços de saúde ainda mais precários e onde o Aedes é endêmico. Na terça, a Tailândia informou uma suspeita de zika e outros casos já surgem na Indonésia. “Essas populações não têm defesa em relação ao vírus”, explicou Costello. “E o pior de tudo é que hoje não temos os instrumentos (de combate). Precisamos desesperadamente de produtos. O zika não tem um diagnóstico comercial e os testes que detectam o vírus só conseguem registrar quando ele está ativo, por cinco dias. E microcefalia também não é fácil de diagnosticar.” Segundo ele, cientistas vão ser convocados para formular uma estratégia e reuniões com empresas e governos serão convocadas.

Entre os especialistas, a pressa é grande ainda para encontrar uma explicação para o salto dos casos de microcefalia no Brasil. Ontem, boletim do Ministério da Saúde confirmou 404 casos da má-formação - 17 têm relação com o zika. Uma das apostas é acompanhar o que está acontecendo na Colômbia, justamente para saber se as grávidas contaminadas pelo zika terão ali problemas de má-formação.

“Estamos adotando a política de que a associação entre o mosquito e a microcefalia é culpada, até provada inocente”, disse Costello. “Temos casos de 2014 na Polinésia Francesa e agora no Brasil. Mas vamos ter de esperar mais alguns meses. Até lá, controlar o vetor transmissor é prioridade. Não existe uma recomendação para não viajar. Mas mulheres que estão grávidas podem desejar reconsiderar suas viagens.”

Outra dificuldade que já surge é a falta de uma diretriz internacional para medir a circunferência de cabeças de crianças. “Precisamos de um padrão”, disse o diretor do Departamento de Saúde Infantil. Para ele, não basta apenas medir as cabeças, mas também fazer acompanhamento das crianças por meses. “Por isso, precisamos criar centros pelo mundo.”

Apelo

Ainda nessa terça-feira, a Unicef anunciou que está solicitando que doadores financiem um pacote de US$ 9 milhões para bancar uma operação pela América Latina. A organização das Nações Unidas para a infância quer agir especialmente em comunidades no Brasil para fortalecer a resposta contra o zika, orientando mulheres e grávidas sobre como evitar picadas.

Já a Cruz Vermelha espera coletar US$ 2,3 milhões para apoiar “uma resposta regional”. “A única forma de parar o vírus é controlar o mosquito e adotar medidas para reduzir a pobreza”, declarou Walter Cotte, diretor nas Américas. “E temos de agir rápido”, completou a diretora de Saúde, Julie Lyn Hall.

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