A Sanepar recomendou que a Rua Gilmar Ceccon, em Bocaiúva do Sul, continue fechada| Foto: Albari Rosa/GP

Pelo menos 800 famílias terão de deixar suas casas no bairro Guarituba, em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba (RMC), para a execução do projeto de revitalização da área. O Plano de Recuperação Ambiental e Urbanização do Guarituba, que tem como objetivo preservar uma importante região de mananciais da RMC, envolve o governo estadual, a prefeitura de Piraquara e o governo federal, que vai repassar R$ 52 milhões para regularização fundiária, obras de saneamento e implantação de infra-estrutura.

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O anúncio oficial do repasse federal será feito na sexta-feira (24) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele estará na Escola Municipal Heinrich de Souza, no Guarituba, para participar da cerimônia. As verbas virão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que vai subsidiar obras em 40 cidades paranaenses.

Os planos para a revitalização do Guarituba foram apresentados na tarde de quarta-feira (22) pelo presidente da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), Rafael Greca, pelo prefeito de Piraquara, Gabriel Jorge Samaha, e pela diretora de Meio Ambiente e Ação Social da Sanepar, Maria Arlete Rosa. A idéia é criar cinco parques na área para evitar as invasões, regularizar a posse de terrenos ocupados, transferir moradores de locais que põem a qualidade dos mananciais em risco e dotar a região com uma infra-estrutura adequada, com ligações às redes de energia elétrica e de coleta de esgoto. O projeto está orçado em R$ 72 milhões, dos quais pelo menos R$ 19 milhões serão repassados pelo governo do estado.

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Greca lembrou que a região do Guarituba está 880 metros acima do nível do mar, abaixo portanto de Curitiba (que fica a 900 metros). Segundo ele, canais como os que já estão sendo construídos com recursos do governo estadual vão escoar a água da chuva para longe da área de manancial. "Vamos separar a água de qualidade da água sem qualidade", disse. Outra idéia é criar um grande parque, a leste do Guarituba, para evitar ocupações irregulares e a instalação de adensamentos urbanos em direção ao Rio Piraquara.

Moradia

Levantamentos feitos no ano passado mostram que 30.233 pessoas moram na região, que tem uma área aproximada de 15 quilômetros quadrados. Deste total, estima-se que 24 mil pessoas moram em ocupações irregulares e que 51,1% utilizam "gatos" (ligações clandestinas de energia elétrica). Além disso, 50% dos moradores não contam com coleta de esgoto e somente 30% deles têm abastecimento de água. São 8.212 lotes (6.387 ocupados) e 400 quadras.

A Cohapar vai destinar moradias para as cerca de 800 famílias que terão de deixar suas casas. A casa modelo tem 40 metros quadrados e um custo que varia de R$ 14 mil a R$ 18 mil. Os moradores terão de pagar 72 prestações, a uma média de R$ 50, cada. O restante do custo será bancado pelo governo do estado. "Não adianta vir tentar ocupar, porque o cadastramento das famílias já foi feito", alertou Greca.

"O Guarituba será um bairro normal, não uma ocupação. Terá água, esgoto, luz e ruas pavimentadas." O prefeito Gabriel Samaha lembrou que a preservação da região é fundamental para a manutenção da qualidade da água na RMC. "Para a cidade que responde por 70% da água da região metropolitana, é um investimento justo e necessário", comentou.

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