O Conselho Federal de Medicina criticou hoje o plano do governo para ter mais médicos no interior do país, lançado pela presidente Dilma Rousseff como uma resposta à onda de protestos.
Segundo o presidente da entidade, Roberto Luiz d'Ávila, as medidas não resolverão o problema da saúde no Brasil, que precisa de mais qualidade e não mais quantidade.O conselho defende um aumento no orçamento da saúde e mais estrutura. "É um programa vazio e sem consistência, onde faltou a solução definitiva, e não medidas paliativas e eleitoreiras", disse o médico.
D'ávila afirma que o atendimento não vai melhorar nos próximos anos com o aumento de médicos.
"A população não pediu mais médicos. O governo inventou isso, depois de um gerenciamento incompetente, vem colocar a culpa dizendo que faltam médicos. É maldade colocar a responsabilidade que os médicos não querem ir ao interior. Queremos ir, mas falta estrutura. É impossível trabalhar se falta agulha, medicamento. É um sofrimento muito grande", disse.
O presidente do conselho de medicina comparou a obrigatoriedade para que os formandos trabalhem dois anos no SUS como um ato de país totalitário.
"Os países totalitários fazem isso, os países sérios criam condições para que os recém-formados possam ir espontaneamente ao interior. Por que só os médicos? Não faltam engenheiros? Se derem as condições e uma carreira, o médico estará em todo o lugar", afirmou.
D'ávila deu como exemplo Brasília, que proporcionalmente tem mais médicos que na Inglaterra, mas a qualidade é bem abaixo. A Inglaterra tem um dos modelos que inspirou o Ministério da Saúde neste novo plano.
"A diferença é que os países desenvolvidos colocam mais de 70% do total de dinheiro investido na saúde e o Brasil coloca 44% e as famílias colocam 56% em pagamentos diretos ou planos de saúde", afirmou.
Enfrentamento
O presidente do Conselho Federal de Medicina disse que a entidade vai trabalhar em duas frentes para derrubar o projeto do governo. A primeira é, ainda no Congresso, alterar os termos da Medida Provisória.
Além disso, o conselho disse que analisará o texto para questioná-lo na Justiça.
"Se acharmos que é ilegal, vamos a todos os tribunais. Temos duas frentes: a derrubada da medida provisória no Congresso e questioná-la judicialmente", afirmou.