As novas áreas de Curitiba que receberão estímulos para ‘crescer para cima’ serão conhecidas apenas em 2016, após a votação da Lei de Ocupação e Uso do Solo. Mas a revisão do Plano Diretor, que deve ter sua versão final aprovada na próxima terça (3), já deu indícios de onde isso poderá ocorrer. De olho em bairros como Batel e Mercês, o setor imobiliário também gostou de saber que a intenção é incentivar a verticalização das regiões cortadas pelas avenidas Getúlio Vargas, Iguaçu e Wenceslau Braz.
Veja quais seriam os novos eixos de adensamento leste-oeste de Curitiba segundo o novo Plano Diretor
Estimativas do setor indicam que apenas 30% dos imóveis de Curitiba sejam apartamentos, atualmente. O último dado oficial do IBGE apontou 26 % em 2010. Nas demais capitais do Sul, a verticalização atinge 50% (Florianópolis) e 40% (Porto Alegre). Ou seja, a capital paranaense tem muito potencial para se verticalizar, aproveitando ainda mais regiões já consolidadas e com infraestrutura – e, ao menos em teoria, diminuindo a necessidade de deslocamentos.
No novo texto do Plano Diretor, algumas das importantes vias conectoras da cidade passarão a ter um papel mais relevante na atração de novas moradias, comércio e serviços. Esse é o caso das avenidas Getúlio Vargas e Iguaçu, que ligam o Seminário à região central. Fontes do mercado afirmam que a expectativa é de que os limites construtivos cresçam, pelo menos, entre a Avenida Presidente Arthur da Silva Bernardes e a Rua Brigadeiro Franco. Hoje, o zoneamento permite construir até seis pavimentos com possibilidade de mais caso haja aquisição de potencial construtivo. Mesma situação da Avenida Presidente Wenceslau Braz, uma das ligações para o Portão.
Oficialmente, o mercado imobiliário e o da construção civil se limitam a elogiar o plano. Em nota, o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR) afirmou ser a favor da criação dos novos eixos porque os existentes já estão em processo de desenvolvimento há muito tempo. Já a Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR) ressaltou a restrição natural de Curitiba em relação à quantidade de áreas disponíveis para ocupação devido à extensão territorial pequena e ao limite imposto pelas áreas de preservação ambiental. “Isso poderia ser compensado pela verticalização”.
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Mas o fato de algumas das regiões desejadas pelo mercado estarem no Plano Diretor não necessariamente indica que essas áreas serão imediatamente adensadas. A própria Wenceslau Brás, assim como a Marechal Floriano Peixoto e a Linha Verde, já havia recebido a autorização para receber prédios na última Lei de Uso e Ocupação do Solo. Elas se somaram às chamadas vias estruturais, como a Sete de Setembro/República Argentina. E o cenário dessas vias ainda não mudou completamente.
Apesar do desejo do mercado imobiliário, o adensamento dos novos eixos também dependerá da conjuntura econômica do país. Sem a retomada do crescimento e da oferta de crédito, a verticalização de Curitiba, que acelerou nos últimos seis anos, andará a passos lentos.