Preocupadas com os custos de tratamentos de doenças graves causadas pelo cigarro, operadoras de saúde têm tentado atrair pacientes para programas antitabagismo. Com investimento relativamente baixo, as empresas vêm ampliando a iniciativa e tentando novas formas de fazer o fumante aderir ao projeto.
Segunda maior operadora de saúde do País, com 4 milhões de beneficiários, a Amil investe cerca de R$ 300 por paciente em um programa com consultas individuais e em grupo e monitoramento remoto. O valor é inferior à despesa que a operadora teria com o tratamento de um câncer de pulmão, por exemplo, uma das principais doenças associadas ao tabagismo. Um paciente com esse tipo de tumor custa ao plano entre R$ 200 mil e R$ 400 mil.
“Esse programa é interessante para todos: para o paciente, que vai evitar uma patologia no futuro; para o médico, que terá um paciente com melhor condição clínica e mais qualidade de vida, e para a operadora, que tem um beneficiário mais saudável e um custo mais adequado”, diz José Luiz Cunha Carneiro Junior, diretor técnico da Amil.
Desde 2012, quando o programa foi criado, mais de 5 mil clientes da operadora aderiram ao programa, média de 130 adesões mensais. Atualmente, 400 pacientes procuram o serviço por mês.
Incentivo
Fumante há 33 anos, a dona de casa Dionisia Santos Souza Pessoa, de 55 anos, foi incentivada a entrar no projeto após sofrer dois enfartes. “Como fiz a cirurgia e o tratamento no hospital da Amil mesmo, via os cartazes sobre esse programa nos corredores e decidi aderir. Meu médico falou que qualquer traguinho seria um veneno para mim. Não era só uma questão de qualidade de vida, era questão de sobrevivência”, diz ela, que aderiu ao programa em março e está há três meses sem fumar. “Já tinha tentado parar por conta própria outras vezes, mas essa estratégia de fazer reuniões em grupo me ajudou muito. Um paciente apoia o outro.” De acordo com a Amil, um em cada três beneficiários que aderiram ao plano parou de fumar em um ano.
O câncer de pulmão é o tumor mais prevalente entre os pacientes da operadora. Entre 2012 e 2015, o número de pessoas que passaram por quimioterapia por causa da doença dobrou.
Na Bradesco Saúde, maior operadora do País, com quase 4,1 milhões de clientes, o programa antitabagismo é oferecido às empresas. A companhia interessada em oferecer o serviço aos funcionários paga R$ 3,6 mil por pessoa. “Uma médica pneumologista e psiquiatra vai à empresa, faz a palestra motivacional focando nos ganhos que o funcionário terá se parar de fumar e faz uma avaliação dos interessados. Depois, as consultas são feitas na própria empresa”, explica Maristela Duarte Rodrigues, superintendente médica do programa.
Foi a facilidade de ter uma médica por perto e o incômodo com problemas de saúde persistentes que fizeram a economista Patrícia Carneiro de Sá, de 52 anos, aderir ao programa oferecido pela companhia onde trabalha. “Tinha tosse crônica, pigarro, não tinha nenhum condicionamento físico, acho que fui criando uma consciência de que precisava de qualquer jeito parar de fumar”, afirma ela. Segundo a operadora, 48% dos participantes do programa pararam de fumar e outros 43% diminuíram a quantidade diária.
Com 707 mil beneficiários, a Seguros Unimed passou a oferecer um programa do tipo para seus funcionários e pretende ampliar o serviço para seus beneficiários.
Outros programas. As iniciativas das operadoras em prevenir doenças não estão restritas às ações antitabagismo. As empresas têm investido também em programas para pacientes com doenças crônicas, como diabete, tratamento da obesidade e ações de qualidade de vida para idosos, entre outros projetos.
Na Amil, o programa de combate a problemas crônicos e promoção de melhores hábitos de vida já atendeu 60 mil pessoas no primeiro trimestre do ano.
Maior operadora do Norte e Nordeste, com 2 milhões de clientes, a Hapvida tem ampliado o número de programas do tipo. Já são cinco, que atendem desde portadores de doenças crônicas até gestantes, com 20 mil pessoas beneficiadas.
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