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José Roberto Roloff mostra as mudas que são cultivadas no Horto Municipal de Curitiba | Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo
José Roberto Roloff mostra as mudas que são cultivadas no Horto Municipal de Curitiba| Foto: Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo

Números

Conheça algumas das marcas já alcançadas pelo programa BioCidade:

190 expedições organizadas desde 2007 levaram pesquisadores a várias regiões do Paraná para coletar espécies de plantas nativas.

Mais de 300 espécies de plantas foram detectadas e coletadas para serem estudadas e reproduzidas em estufas. As com melhor adaptação ao meio urbano foram plantadas em logradouros de Curitiba.

7 tipos ameaçados de extinção foram encontrados durante as expedições. As mudas que vingam são plantadas próximas à área em que o exemplar foi encontrado. O objetivo é a continuidade da espécie.

150 mil mudas foram produzidas pelo programa da prefeitura até o final de 2011 e destinadas a ruas, parques, praças e escolas municipais de Curitiba.

Em meio ao concreto das movimentadas áreas urbanas de Curitiba, há um colorido natural que se destaca. Nos jardins das praças ou nos canteiros de algumas das principais vias da cidade, plantas de diferentes espécies ajudam a quebrar a sisudez e formar um cenário mais agradável para motoristas e transeuntes. A maioria das pessoas, no entanto, não imagina que por trás dessa decoração está um apurado trabalho de pesquisa, que leva meses até ganhar as ruas. São plantas nativas ornamentais, algumas até sob risco de extinção, que percorrem um longo trajeto dos campos e florestas até os espaços públicos da capital.

A coleta de plantas nativas do Paraná visando à ornamentação urbana é um dos focos do Programa BioCidade, desenvolvido pela prefeitura de Curitiba desde 2007, com o intuito de conciliar o crescimento populacional à preservação ambiental. A partir do projeto Plantas Nativas Ornamentais, pesquisadores fazem expedições periódicas pelo estado em busca de espécies que possam ser aproveitadas para decorar ruas, praças e parques. Em quase cinco anos, mais de 300 espécies de plantas foram coletadas em diferentes regiões.

Uma parte delas está no Horto Municipal, onde se desenvolve a produção das espécies aptas a serem usadas como ornamentação urbana. Foi lá que o diretor do Departamento de Produção Vegetal da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, José Roberto Roloff, recebeu a reportagem para mostrar como é feito esse trabalho. O processo é iniciado em pequenas estufas – onde as mudas criam raízes –, passa pelas matrizes – nas quais crescem – e terminam floridas, prontas para ficar à vista da população.

Mas, antes que as plantas cheguem ao horto, um grupo de aproximadamente dez profissionais se dedica à identificação dos exemplares possíveis de serem aproveitadas. Em cada uma das expedições, que percorrem principalmente o entorno de Curitiba, são identificadas em média dez espécies nativas com potencial ornamental. Coletadas, as plantas ou suas sementes são levados ao Museu Botânico, onde viram objeto de pesquisa. "É preciso estudar como essas espécies se reproduzem, verificar sua adaptação e se elas têm condições de entrar para a linha de produção", explica Roloff, observando que esses estudos podem durar semanas ou até mais de um ano.

Catálogo

Ainda assim, o projeto já conta com um vasto catálogo. Desde seu início, foram organizadas cerca de 190 expedições, nas quais foram coletadas mais de 300 espécies, entre elas sete ameaçadas de extinção. Dessas plantas, já foram selecionadas 20, que fazem parte da atual linha de produção, como begônias e verbenas. O destino são parques, bosques, praças, ruas, avenidas e escolas municipais. Uma das prioridades atuais é a ornamentação da Linha Verde, para onde está sendo destinada parte da produção do programa.

Até o final do ano passado, haviam sido produzidas cerca de 150 mil mudas que ganharam as ruas de Curitiba. A meta para 2012 é que a produção fique entre 300 mil e 500 mil mudas. "A utilização de plantas nativas diminui os custos com a manutenção. Além disso, é uma forma de atrair a fauna local, que vai se alimentar nesses canteiros", acrescenta o diretor.

Espécies ameaçadas têm cuidados especiais

Ao longo do período em que vem sendo desenvolvido, o programa BioCidade já identificou sete espécies de plantas nativas em extinção. Esses exemplares estão sendo estudados pela equipe a fim de verificar a possibilidade de produção de novas mudas para ornamentação nas ruas de Curitiba. A última espécie ameaçada foi coletada no final do ano passado, na região dos Campos Gerais. A expedição localizou um exemplar de Gomphrena, planta com uma flor alaranjada, também conhecida popularmente como para-tudo.

Processo

Nesses casos, quando se trata de espécies em risco de extinção, após a germinação das sementes coletadas, as mudas são plantadas em ambientes similares ao habitat original e próximas ao lugar de que foram retiradas. O objetivo é permitir que a vegetação possa ser preservada, resguardando a variabilidade genética destas espécies.

Segundo o diretor do De­­partamento de Produção Ve­­getal da prefeitura de Curitiba, José Roberto Roloff, as atividades do programa se concentram em áreas de floresta ombrófila mista, onde estão as araucárias. "É necessário que as plantas estejam adaptadas às condições climáticas da nossa região para que possam se reproduzir", ressalta. Em alguns casos, o processo de adaptação das espécies pode durar mais de um ano, sem que haja sucesso na produção em série.

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