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Brasília – Soja, trigo e milho terão áreas reduzidas na safra 2006/07, segundo avaliação da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgada nesta quinta-feira pelo governo federal. A previsão é de que a área plantada da próxima safra fique entre 44,7 milhões e 45,7 milhões de hectares ante 47,3 milhões de hectares no ano anterior – a redução fica entre 3,3% e 5,3%.

A primeira estimativa da Conab para safra 2006/07 indica produção de 117,7 milhões de toneladas a 120,6 milhões de toneladas. A produção pode cair 1,8% em relação à safra passada ou crescer 0,6%. Segundo o presidente da Conab, Jacinto Ferreira, o uso de tecnologia nas lavouras e a escolha de terrenos mais produtivos para o plantio impedirão que a produção de grãos na safra 2006/07 caia na mesma proporção da área plantada. Na safra 2005/06, a produção de grãos foi 119,9 milhões de toneladas.

O Paraná, por sua vez, prevê que, apesar da redução da área de algumas culturas, a produção será 18,3% maior. O número foi divulgado nesta quinta-feira pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) e repete a primeira previsão, divulgada duas semanas atrás pelo órgão. No caso da soja, a produção pode superar a de 2006/07 em até 27,9%, diz o Deral.

A previsão da Conab, no entanto, indica que o recorde de produção de grãos no país continua sendo a safra 2002/03, quando os produtores colheram cerca de 123,2 milhões toneladas.

A safra 2002/03 foi plantada durante o governo de Fernando Henrique Cardoso e colhida no governo Lula. Desde que assumiu o governo, o clima não tem ajudado o governo petista no que diz respeito à produção agrícola. A primeira safra plantada no governo Lula foi de 119,1 milhões de toneladas, na safra seguinte, 2004/05, a produção foi de 113,9 milhões de toneladas, e a safra 2005/06 foi de 119,9 milhões de toneladas.

O ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, disse que a prorrogação das dívidas dos produtores e as medidas de apoio à comercialização, adotadas recentemente, impediram um recuo mais significativo na área plantada. Segundo ele, estimativas da iniciativa privada indicavam que a queda na área de cultivo de grãos seria de 10%.

A redução na área de plantio tem como causa o endividamento do produtor rural nas últimas três safras, avaliou o governo. Mesmo com a redução da área plantada a produção de oleaginosa deve crescer entre 0,2% e 3% na safra 2006/07. "Os produtores optaram por plantar somente nas áreas mais produtivas para obterem melhores produtividades", disse o ministro.

Os produtores de milho, já em fase adiantada de plantio, resolveram dedicar mais espaço a outras culturas, como a cana-de-açúcar e o algodão, que estão sendo valorizadas no mercado. A soja, cujo plantio está começando e deve se intensificar nos próximos 30 dias, é prejudicada pelas previsões de que o dólar não estará tão favorável para a exportação de grãos na época da colheita, em março de 2007.

Já o trigo enfrenta problemas já tradicionais para essa cultura. Neste ano, a safra sofreu com geada e falta de chuva. A quebra prevista no Paraná e no Rio Grande do Sul – os dois principais estados produtores – deve reduzir a colheita a 2,5 milhões de toneladas. É a colheita mais fraca dos últimos sete anos. Entre 2000 e 2005, a média de produção passou de 4,5 milhões de toneladas ao ano.

Por outro lado, o levantamento do governo mostra crescimento de 12,5% a 18,4% na área plantada de algodão. O aumento é resultado da melhora dos preços da pluma nos mercados interno e externo. Além disso, devido à crise dos últimos anos, muitos produtores de soja do Centro-Oeste migraram para a cultura do algodão.

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