A Polícia Militar retirou ontem pela manhã cerca de 50 pessoas de uma área de invasão conhecida como Vila Feliz, no Contorno Norte de Curitiba, entre Colombo e Almirante Tamandaré. A operação é uma reintegração de posse à empresa BrasilSat, proprietária da área invadida, e começou às 7 horas. O terreno foi ocupado na metade do mês de setembro, dias antes das eleições municipais.
De acordo com o major Gerson Luiz Buczenko, responsável pela operação, a desocupação foi tranqüila, sem qualquer reação. "Quando chegamos eles não estavam alojados, não havia nenhuma família dentro das casas. Acreditamos que eles montaram os barracos para ocupar o terreno e vender essas casas no futuro", disse. "A maior parte das pessoas voltou para suas residências aqui perto mesmo, no Jardim Graziela."
Moradores da região, no entanto, têm uma versão diferente. Segundo eles, cerca de 150 pessoas moravam na ocupação. "Tem gente aqui que veio de São Paulo. Agora muitos deles vão para a rua, pois não têm para onde ir", afirmou Jucélio dos Santos, um dos ocupantes. As casas, que eram de lona e madeira, foram retiradas por caminhões da BrasilSat. Às 14 horas, praticamente todas já haviam sido desmontadas.
Santos disse que não havia muitas pessoas no local porque muitas estavam trabalhando. "Nós aqui trabalhamos. Só algumas pessoas estavam em casa e foram essas que ajudaram a recolher as coisas dos vizinhos", comentou. De acordo com os ocupantes, antes das eleições candidatos a prefeito e a vereador estiveram no local. "Eles nos deram pão, leite e lona para montarmos os barracos. Na hora que precisamos, ninguém aparece aqui", reclamou um ocupante.
As famílias que não pegaram seus pertences poderão fazê-lo no fórum de Almirante Tamandaré. Os ocupantes disseram que estão dispostos a negociar com a BrasilSat, mas, segundo o advogado da empresa, Irineu Palma Pereira, não há interesse. "Temos uma ordem judicial e queremos nosso terreno de volta", afirmou Pereira.
As famílias disseram que não receberam qualquer aviso sobre a operação. O advogado que defende as famílias, Luiz Marins, ainda está estudando o caso. "A área é de 120 mil metros quadrados e um terço dela foi doado à empresa pela prefeitura, para a construção de uma fábrica que iria gerar empregos. Só que nada disso foi feito. Temos que ver a situação para depois recorrer", afirmou. Segundo o oficial de Justiça Argemiro Vilela Martins, as famílias foram avisadas em setembro a respeito da operação.