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Cinco propriedades particulares – quatro fazendas no interior e um terreno em Curitiba – invadidas por cerca de 700 famílias de sem-terra e sem-teto foram desocupadas ontem no Paraná. A retirada foi promovida por 900 policiais militares. As quatro áreas agrícolas desocupadas são: Fazenda Bom Sucesso, em Cascavel (Oeste do estado); Santa Lúcia, em Nova Laranjeiras (Centro-Oeste); Balsa Nova, em Jundiaí do Sul (Norte); e Linda Flora, em Abatiá (Norte). Também foram despejadas as 90 famílias que estavam morando num terreno no bairro Cachoeira, na capital.

Apesar do grande número de policiais e sem-terra envolvidos, as cinco ações foram pacíficas. Na semana passada, cinco sem-terra e um policial saíram feridos durante o despejo de sem-terra acampados na Fazenda Dona Hilda, em Quedas do Iguaçu (Centro-Oeste). Todas as desocupações de ontem foram promovidas em cumprimento a liminares judiciais.

Comboio

Em Cascavel, a operação militar reuniu cerca de 250 policiais de diversos batalhões. O comboio de viaturas e ambulâncias, que saiu do 6.º Batalhão da Polícia Militar às 7 horas, chamou a atenção dos motoristas que passavam pela BR-369, que dá acesso à Fazenda Bom Sucesso. A ação foi comandada pelo major Davi Faustino. Ele negociou com os invasores a saída pacífica das 50 famílias. A negociação durou uma hora. A conversa evitou um possível confronto, uma vez que os invasores prometiam resistir ao despejo. Apesar do diálogo, o comandante da operação não conseguiu convencê-los a ir para os seus destinos de origem – a maioria dos acampados veio de Três Barras do Paraná.

Os sem-terra, incluindo as crianças, foram levados para as margens da BR-369, próximo à entrada da fazenda. "Não temos para onde ir. Estamos passando necessidade e pretendíamos ficar aqui (na fazenda) para plantar", disse uma das líderes do acampamento. O proprietário do imóvel rural, Orlando Carneiro Gomes, contratou oito caminhões e dois ônibus para transportar as famílias até o local do novo acampamento.

Os funcionários da fazenda ajudaram a destruir os barracos erguidos com taquara e restos de madeira. O fazendeiro diz que pretende iniciar o plantio da safra de verão 2005/2006 imediatamente. A propriedade tem cerca de 1,2 mil hectares. Os sem-terra disseram que vão continuar reivindicando a compra do imóvel rural pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para fins de assentamento. O órgão, por sua vez, informou que a área não está nos planos para a aquisição. Ainda restam no município mais três propriedades aguardando a reintegração de posse (fazendas Nazari, Kely e Cajati).

A desocupação da Fazenda Santa Lúcia, em Nova Laranjeiras, iniciada na quarta-feira, foi encerrada só no fim da tarde de ontem. No primeiro dia, as atividades foram suspensas por causa da chuva. Cerca de 300 policiais retiraram 50 famílias integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) que ocupavam a fazenda desde o início do ano. O imóvel de aproximadamente 780 hectares é de propriedade de Luciane Badotti.

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