O chefe de gabinete do Comando-Geral da Polícia Militar (PM) do Rio, coronel Íbis Pereira, disse nesta quarta-feira (29) que a ocupação policial no Complexo do Alemão, na zona norte, “está dando errado porque começou errado”. Ele criticou as ações de segurança pública iniciadas no conjunto de favelas em 2010, com tropas do Exército.
“O Alemão foi tomado militarmente em plena vigência de uma Constituição democrática. Tivemos uma operação de guerra e é por isso que está dando errado, porque começou errado. Não poderia dar certo em hipótese alguma. Admitimos uma operação de guerra, com anfíbios, blindados e tudo mais, dentro de uma parte do território do nosso próprio País.”
Pereira ministrou palestra sobre homicídios de jovens negros, no 9.º Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que termina nesta sexta-feira, com o tema ‘Priorizando a vida: estratégias para redução de homicídios no País’.
“Nosso desafio é aumentar nossa sensibilidade democrática para olhar para a guerra do Alemão e dizer: ‘Isso não, porque vivo num país que é uma democracia’. No entanto, assistimos aquilo sentados nas nossas casas”, disse.
Em 2010, o Alemão foi ocupado por tropas militares da Força de Pacificação, com 1,2 mil policiais militares, 400 policiais civis, 300 policiais federais e 800 militares do Exército. Em 2012, a ocupação militar no complexo, com cerca de 59 mil habitantes, deu lugar a quatro Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), hoje com 1.218 PMs.
Para o chefe de gabinete da PM, os conflitos e homicídios cometidos nas favelas do Rio são influenciados por concepções do período da ditadura que ainda vigoram na segurança pública. “Antes, o inimigo era o comunista, hoje é o traficante.”
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