A Polícia Militar do Rio de Janeiro descobriu irregularidades na distribuição de gasolina em 12 batalhões da corporação, após a conclusão de inquéritos policias militares instaurados durante o ano de 2013. Onze policiais, sendo três majores, foram indiciados nesta semana e a conclusão entregue ao Ministério Público Estadual. Outros três inquéritos ainda não foram concluídos.
A investigação foi divulgada pelo jornal "Extra" neste sábado (10). Segundo o jornal, nos tanques do Regimento de Polícia Montada (RPMont), em Campo Grande, na zona oeste, e no batalhão de Olaria, zona norte, foi comprovado um desvio de dois milhões de litros de gasolina.
As investigações concluíram que, além da participação de policiais, funcionários da BR Distribuidora, que fornecem o combustível para a corporação, estariam envolvidos.
Por nota, a assessoria da distribuidora afirmou que os pedidos são colocados em um sistema informatizado e liberados automaticamente. As entregas são atestadas pela PM. A empresa diz que ainda "não foi informada de qualquer envolvimento de empregado da companhia".
A reportagem apurou que todos os oficiais dos batalhões investigados tiveram que realizar exames grafotécnicos para que suas assinaturas fossem comparadas com as das notas fiscais, que atestavam o recebimento do combustível. Algumas notas eram falsas, o que indicava que a quantidade recebida era menor do que o atestado.
Segundo um dos oficiais investigados, antes da investigação não havia um controle rígido sobre o combustível recebido.
"Chegava um caminhão, com 100 mil litros, por exemplo. Eu tinha que assinar dizendo que recebi o total de litros informado. Mas não tinha como checar. Se não assinasse, não receberia e o batalhão ficaria sem gasolina. Sempre foi assim. Agora a corporação quer nos punir se ela mesmo não fez um sistema de controle?", disse à reportagem o oficial, que não quis se identificar.
Após a instauração dos inquéritos, ainda em 2013, a corporação implantou nas viaturas um sistema chamado Controle Total de Frota (CTF), para arquivar todos os abastecimentos realizados.
Nesta semana, a corporação publicou em boletim que a aquisição de combustível deverá ser realizada pelos comandantes de batalhão, diariamente, em horários específicos.
Falta de gasolina
Às vésperas do Réveillon, uma mensagem repassada pelo centro de operações da PM, via rádio, determinava que os carros da corporação que estivessem parados desligassem o motor e as sirenes, para economizar combustível. A gravação mencionava que a ordem tinha sido repassada pelo chefe do Estado Maior Operacional da corporação, coronel Lima Freire, como uma forma de se economizar gasolina.
Apesar de admitir a falta momentânea de combustível, o coronel Cláudio Lima Freire negou que tivesse repassado a ordem. "Jamais deixaria policiais nesse calor sem ar-condicionado em uma viatura. Isso foi uma mensagem de Whatsapp, e isso é difícil de controlar. Qualquer um pode gravar e repassar", disse.
O contrato de distribuição de gasolina entre a PM e a BR Distribuidora foi renovado, de acordo com o Portal Fiscal do governo. Um contrato firmado através de licitação, no valor de R$ 268.199.600, garante o fornecimento de combustível para a corporação de janeiro deste ano a julho de 2016.
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