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O promotor Claudio Esteves, de Londrina: “Nossas ações perderam em força e amplitude com a saída dos policiais” | Roberto Custódio/Jornal de Londrina
O promotor Claudio Esteves, de Londrina: “Nossas ações perderam em força e amplitude com a saída dos policiais”| Foto: Roberto Custódio/Jornal de Londrina

Polêmica

Veja a opinião de promotores do Gaeco espalhados pelo interior do estado sobre a situação dos policiais cedidos:

Cascavel

- Segundo o promotor Sérgio Ricardo Cezaro Machado, até o momento os quatro policiais militares lotados no Gaeco de Cascavel (Oeste do esta­do) continuam trabalhando. "Se os policiais forem substituídos, perde­remos a confiabilidade e segurança nos trabalhos até então realizados. A razão do grupo se anula".

Guaíra

- O promotor Thiago Artigas Miclewicz, do Gaeco de Guaíra (Oeste do estado), informou que apenas um dos policiais cedidos ao grupo se apresentou à PM, mas já retornou ao Gaeco.

Guarapuava

- Responsável por uma das unidades mais novas e com a maior área de atuação do Gaeco (59 municípios), o promotor Claudio Cesar Cortesia, de Guarapuava, afirma que não chegou nenhum pedido de apresentação dos cinco policiais militares que atuam no Gaeco. Cortesia admite que há apreensão diante da chance de substituição do efetivo. "É inadmissível que a escolha dos policiais que atuam no Gaeco tenha influência de órgãos externos".

Foz do Iguaçu

- A unidade do Gaeco em Foz conta com o apoio de 12 policiais militares, civis e até guardas municipais. Para o promotor Rudi Rigo Burkle, coordenador do Gaeco da cidade, se houver substituição será necessário pensar em um critério. "Começar a partir do zero é difícil", afirma.

Análise

Queda de braço respinga no governador

A disputa entre o Ministério Público e a Polícia Militar pode gerar consequências políticas para o governador Beto Richa. A opinião é dos cientistas políticos da Universidade Federal do Paraná, Ricardo Oliveira e Emerson Cervi. Para Oliveira, o Gaeco é o único símbolo de combate a crimes do colarinho branco. Na opinião dele, esses crimes são os mais difíceis de serem investigados devido a, muitas vezes, haver envolvimento de funcionários do próprio governo. "O Gaeco é fruto desses bons serviços".

Cervi acredita que o processo tem sido conduzido de forma equivocada desde o início. "Virou uma queda de braço". Segundo ele, a impressão é que um dos órgãos do Executivo envolvidos nesta disputa resolveu não "baixar a cabeça". "O prejuízo vai ser do Gaeco, das investigações, mas também para a imagem do governador". (DR)

Um dia depois de assegurar que não substituiria os policiais militares do Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) até a institucionalização do órgão, a Polícia Militar quebrou a promessa. Seis PMs do núcleo do Gaeco de Londrina, no Norte do Paraná, foram convocados para se reapresentarem na sede do batalhão na cidade. Segundo o coordenador do Gaeco local, promotor Cláudio Esteves, os policiais foram orientados a permanecer no batalhão a partir de hoje para prestar serviço à PM. "A informação que tinha era de que os policias continuariam trabalhando [no Gaeco], mas chegou o ofício do batalhão determinando a reapresentação deles. No documento, a justificativa era de que a determinação partiu do Comando Geral", disse.

Há quase um mês, o Decreto n.º 34, publicado em Diário Oficial, no dia 12 de janeiro, assinado pelo governador Beto Richa (PSDB), determinava a volta de todos os servidores públicos às suas lotações de origem, inclusive os 38 policiais militares e 20 policiais civis que trabalham no Gaeco do Paraná.

Desde então, Richa declarou não ser contrário às substituições, mas afirmou que elas não ocorreriam por hora. Após a polêmica inicial, um novo decreto garantiu que a determinação anterior que previa o retorno dos policiais não incluía os servidores da segurança pública.

Ainda assim, a pressão exercida pela falta de garantia do governo do estado continuou dentro dos Gaecos. Policiais seguiram trabalhando durante as férias para não paralisar as 250 investigações no órgão, mesmo diante da possibilidade de sofrer punições administrativas da PM.

A decisão da saída dos policiais de Londrina surpreendeu todos os integrantes do grupo, inclusive o coordenador estadual do órgão, o procurador de Justiça Leonir Batisti. "Se os policiais forem substituídos haverá um atraso de um ano nos trabalhos do Gaeco", afirma. Segundo Batisti, faltou compreensão da PM. O procurador afirma ter falado duas vezes por telefone com o secretário da Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César. Ele teria garantido, mais uma vez, que providências seriam tomadas.

Para o promotor Esteves, a saída dos policiais representa um forte impacto nos trabalhos desenvolvidos pelo núcleo local. "Nossas ações perderam em força e amplitude. Como desenvolvemos um trabalho em grupo, cada setor é responsável por determinado passo das investigações", ressaltou.

Outro lado

Ouvido pela reportagem, o comandante do Comando Regional Norte da PM, com sede em Londrina, coronel Luis Carlos Menezes Deliberador, disse que a tendência é que os policiais retornem ao Gaeco. Porém, não há data para a volta.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) informou que nenhum policial será retirado do Gaeco, o que contraria o fato ocorrido em Londrina. O Comando Geral informou que não se pronunciaria sobre o assunto por determinação superior.

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