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Manifestação terminou com quebra-quebra no Centro de Curitiba. Agências bancárias viraram alvo principal | Henry Milléo/ Gazeta do Povo
Manifestação terminou com quebra-quebra no Centro de Curitiba. Agências bancárias viraram alvo principal| Foto: Henry Milléo/ Gazeta do Povo

30 são presos em protesto em Fortaleza

De acordo com a Secretaria de Segurança e Defesa Social do Ceará, pelo menos 30 pessoas foram detidas, sendo 11 adolescentes e 19 adultos, na manifestação contra a Copa ocorrida ontem em Fortaleza, antes da partida Brasil e México. O movimento "Na Rua", um dos organizadores do protesto, informou que 40 pessoas foram presas. Na tarde desta terça, houve confronto entre manifestantes e policiais. Um ônibus de apoio da Fifa foi atingido por pedradas. Cerca de 300 manifestantes chegaram a bloquear a Avenida Alberto Craveiro e a passagem de torcedores para a Arena Castelão foi impedida por alguns momentos. Para dispersar o grupo, foram lançadas bombas de gás e balas de borracha, além de usado o Caminhão de Controle de Distúrbios Civis. O veículo foi repassado pela Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos do Ministério da Justiça (Sesge/MJ). Entre os que protestavam, havia grupos diversos. Alguns estavam caracterizados de índios e pediam "Remarcação Já". Outros reclamavam das remoções feitas para a construção das obras de mobilidade.

DEPOIMENTOS

Parte dos detidos durante o protesto foi interrogada pela PF

O Centro Integrado de Comando e Controle Regional (CICCR) informou que alguns dos manifestantes detidos terça-feira são os mesmos que depuseram na Polícia Federal (PF). O CICCR não informou o número exato dos black blocs que já eram conhecidos da polícia. Ao todo, foram 14 detidos durante o protesto violento. Cinco deles foram autuados por resistência, desobediência e dano ao patrimônio público e privado. Outros cinco estão sendo responsabilizados apenas pelo crime de dano. Uma jovem detida foi atuada por associação criminosa, ameaça e dano.

Até o final da manhã de ontem, eles permaneciam no 1.º Distrito Policial. Dois dos adolescentes apreendidos foram encaminhados à Delegacia do Adolescente, também por danos. Um terceiro menor, no entanto, foi apreendido por roubo a uma banca de revistas no Centro.

DIREITOS

Defensoria Pública visa garantir integridade de manifestantes

O trabalho da Defensoria Pública do Paraná em relação aos manifestantes é feito em conjunto com demais órgãos públicos e ONGs, assim como em outros estados do país, na tentativa de manter o diálogo entre forças de segurança e manifestantes. O objetivo é garantir o direito de expressão e a integridade dos participantes. No Paraná, segundo a defensora pública Camille Vieira da Costa, o trabalho é realizado em conjunto com órgãos como o MP. O trabalho foi definido após as manifestações de junho de 2013, quando foram registrados abusos por parte das polícias. Segundo Camille, o trabalho nas ruas também visa garantir que populações vulneráveis não sejam alvo de agressões. Os defensores, identificados com coletes, acompanharam o protesto em Curitiba. Em caso de atendimento nas delegacias aos manifestantes presos ou apreendidos, a defensoria oferece gratuitamente a assistência aos que não podem pagar pela defesa.

Famílias fazem vigília diante da delegacia

Carolina Pompeo, especial para a Gazeta do Povo

O ato contra a Copa resultou na depredação de quatro agências bancárias e muito tumulto no Centro de Curitiba. Dos 14 manifestantes detidos, dois são adolescentes. Eles foram encaminhados à Delegacia do Adolescente. Os demais ficaram no 1.° DP. O defensor público Fernando Rodrigues, responsável pela defesa do grupo, informou que o pedido de liberdade foi encaminhado ontem ao juiz de plantão no Foro Central, caso não haja decisão favorável até hoje de manhã, novo pedido será encaminhado à Vara Criminal.

Em declarações à imprensa, a delegada responsável pela autuação, Mônica Meister afirmou que a polícia possui imagens que comprovam o envolvimento dos autuados nos atos de violência registrados durante a manifestação e que optou por não arbitrar fiança pelo "bem da população", pois, com mais três jogos da Copa marcados em Curitiba, "liberar o grupo seria arriscado". A reportagem tentou entrar em contato com a delegada, mas até o fechamento da edição não obteve retorno da assessoria do CICCR, responsável pela comunicação referente a acontecimentos associados ao Mundial.

Vigília

Familiares e amigos dos 14 detidos fizeram uma vigília em frente do 1.° DP, onde 12 estão detidos, à espera de informações. Até ontem à noite eles ainda não haviam conseguido falar com seus filhos. "Estão divulgando que eles são de classe média alta, que só querem confusão, mas é mentira. São todos trabalhadores. Ninguém aqui tem dinheiro para pagar advogado. Não apoio as manifestações, mas sei que meu filho é pacífico; não faz parte de gangue", desabafou uma das mães. "É uma atitude pertinente aos jovens [fazer manifestações]. Eles têm ideologias, decepções com o governo, gostam de protestar. Não apoio o vandalismo, mas apoio que meu filho tenha liberdade de expressão", disse outra.

Em relação aos adolescentes apreendidos, a defensora pública Andreza Menezes informou que eles foram entregues às famílias na noite de segunda. "Eles foram ouvidos e agora o procedimento segue com o MP, que vai marcar oitivas [depoimentos] com eles."

Colaborou Rodrigo Batista

O responsável pela operação da Polícia Militar (PM) na Copa do Mundo, coronel Milton Fadel, afirmou ontem que, no momento da ação dos black blocs, que promoveram quebra-quebra no Centro de Curitiba no fim da tarde de segunda-feira, o contingente de policiais estava em número menor que o número de manifestantes.

Por isso, segundo ele, a polícia não conteve a passagem dos manifestantes pela Avenida Marechal Floriano Peixoto em direção às agências bancárias na região da Praça Carlos Gomes, onde destruíram lojas, bancos e mobiliário urbano. De acordo com o coronel, há protocolos que os policiais precisam seguir. Um deles é aguardar reforço quando estiver em menor número. "A partir do momento que a tropa de controle de distúrbio civil chegou, deu tudo certo", disse. Segundo ele, em um cenário ideal, espera-se que haja um número igual de policiais e manifestantes para haver um maior controle sobre o protesto.

Segundo Fadel, os manifestantes têm uma mobilidade que, eventualmente, não é acompanhada pela polícia porque os policiais precisam seguir a lei, como as regras de trânsito. Quando perguntado, contudo, sobre o porquê de não haver uma escolta policial pedestre para acompanhar a manifestação de perto, o Coronel informou que uma distância mínima era necessária "em virtude dos acontecimentos do ano passado", ou seja, em relação ao confronto com os manifestantes nas jornadas de junho em Curitiba.

"Existe um delay próprio para quem obedece às regras sociais e legais para aqueles que não", comenta o oficial. Apesar disso, ele afirmou que a PM conseguiu conter os manifestantes e vai continuar com a mesma estrutura planejada em relação às ações dos black blocs durante a Copa do Mundo em Curitiba.

Mobilizados

Entretanto, foi possível ver, durante a passeata, que a tropa de choque estava sempre posicionada um quarteirão atrás dos manifestantes. Ao longo do caminho, a reportagem observou vários pontos onde policiais estavam mobilizados e nada foi feito.

"Não vai haver uma preparação mais especial, além daquela que já foi planejada. Aprendemos com as manifestações do ano passado e estamos mais preparados agora. Além disso, temos mais tecnologia neste ano", argumentou Fadel. Segundo ele, havia uma série de entidades que acompanhavam os manifestantes, que fiscalizavam a ação da PM.

Para o delegado federal e coordenador da pós-graduação em Segurança Pública da Unicuritiba, Algacir Mikaloviski, a ação da polícia foi inadequada pois não pôde prevenir as ações de vandalismo. "Pode ser que tenham atrasado o confronto policial porque esse tipo de embate tende a ser hiperbolizado [exagerado], mas o fato é que houve a perda do timing [tempo de reação] policial". No caso dos policiais que deixaram os manifestantes passar, ele também é taxativo: "O certo seria pedir o reforço do ponto de vulnerabilidade, e não abrir passagem."

Reintegração no Recife acaba em tumulto

Folhapress

A reintegração de posse de uma área no cais José Estelita, no centro do Recife, terminou na manhã de ontem em confusão entre ativistas e a Polícia Militar. Qua­­tro pessoas foram detidas, outras três se feriram e os manifestantes acusam a PM de ter usado chicotadas contra eles na ação, o que é negado pela polícia.

O cais estava ocupado há quase um mês e ficou conhecido nacionalmente após o movimento Ocupe Estelita. Os ativistas acamparam no local para protestar contra um projeto de empreendimento imobiliário na área de 100 mil m² (equivalente a dez campos de futebol) à margem do Rio Capibaribe.

O Batalhão de Choque, o Regimento da Polícia Montada e a Companhia Independente de Policiamento com Cães da Polícia Militar chegaram ao cais por volta das 5h15 para retirar os cerca de 30 ativistas. O grupamento policial fez um bloqueio no local. Segundo os ativistas, os acampados dormiam quando a PM chegou e houve uso excessivo da força para a retirada. Foram usadas bombas de gás lacrimogêneo.

Alguns manifestantes afirmaram que foram atingidos por chicotadas dadas por policiais da cavalaria. De acordo com eles, a reintegração foi ilegal porque, no momento em que a polícia chegou, eles haviam corrido para a área da linha férrea, que está sob a responsabilidade da União, e não do Novo Recife, consórcio composto por várias empresas que conseguiu a decisão judicial.

Quatro pessoas foram detidas por incitação à violência e desobediência a ordem judicial. Uma manifestante asmática passou mal por causa dos efeitos da bomba de efeito moral e foi encaminhada a um hospital público de Olinda. Outros dois ativistas se feriram, segundo o movimento.

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