O PM que atirou e matou Italo, 10 anos, após uma perseguição de carro na última quinta-feira (2), na Vila Andrade (zona sul de SP), disse nesta segunda (6), em depoimento à Polícia Civil, que tentou atirar no ombro esquerdo para desarmar o agressor. Ele afirmou que, como o carro era insulfimado e estava com os vidros fechado, mirou na altura do ombro de um motorista adulto. Só depois viu que o condutor era criança – o tiro atingiu sua cabeça.
O PM e seu colega, da Rocam (tropa de motos da corporação), alegam que Italo e um colega dele, de 11 anos, dirigiam um carro furtado. Durante a fuga, Italo atirou pela janela, sem sair do carro, três vezes.
No novo depoimento, acompanhado pela Corregedoria da PM, o soldado disse que não viu, em nenhum momento da perseguição, que o motorista, Italo, e seu colega, que estava no banco de trás, eram crianças.
Os PMs repetiram a sequência da ação narrada no registro da ocorrência.
Eles afirmaram que Italo abriu a janela do motorista após o carro bater em um caminhão e fez o último dos três disparos contra eles.
O PM disse que reagiu atirando na altura do ombro de um motorista adulto. Ao se aproximar, viu o vidro se fechando novamente. Ao abrir a porta, Italo estava morto com o tiro na cabeça. Seu colega foi apreendido.Nova versão Um dia após o fato, na última sexta-feira, o colega de Italo mudou o depoimento inicial e disse que o PM atirou mesmo sem o último disparo de Italo. O garoto também disse que foi ameaçado e agredido pelos policiais. Os PMs negaram.
Eles disseram, ainda, que não acompanharam a criança até sua casa no dia e que ficaram no local do fato.
O comandante-geral da PM, coronel Ricardo Gambaroni, disse ontem que os indícios até aqui são de que a ação policial foi legítima. “Tudo leva a crer que eles (os PMs) fizeram uso da força apenas com o intuito de se defender.” Os PMs foram afastados das ruas e atuam em função administrativa interna, sem o uso de armas.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) considerou o caso “uma tragédia”. “Uma criança com um futuro todo pela frente.”
Vídeo
A Corregedoria da PM investiga a participação de policiais na divulgação de vídeo onde uma criança, que pode ser o menino de 11 anos detido pelo furto do carro na quinta-feira, dá uma versão do ocorrido.
Integrantes do órgão estiveram ontem na sede do batalhão responsável pela área e ouviram PMs para apurar como o vídeo foi feito e quem o divulgou. “Não podemos garantir que possa ter sido feito [o vídeo] por um policial nosso. Haviam muitas pessoas no local. São imagens que podem ter o objetivo de reiterar a versão dos policiais”, disse o comandante-geral da PM, coronel Ricardo Gambaroni,
Geraldo Alckmin (PSDB) disse que o vídeo “parece ser espontâneo”. Em nota, a Secretaria Estadual da Segurança Pública disse que as imagens foram encaminhadas para perícia.
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