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Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Protesto - Filhos de sem-terra fazem marcha

Cerca de mil crianças e adolescentes filhos de agricultores do Movimento Sem Terra (MST) participaram de um protesto ontem, em Curitiba, para pedir mais "escola, terra e dignidade". Eles caminharam do Centro Cívico até a Praça Santos Andrade, onde encerraram o ato com músicas.

O coordenador do setor de Educação do MST, Alex Verderi, diz que as crianças lutam por um direito delas: a educação. "Não doutrinamos ninguém. As crianças vivem a realidade dos assentamentos e as dificuldades de não se ter uma escola próxima ou transporte para levá-las." Verderi diz que dos 280 assentamentos do Paraná, 80 não têm salas de aula.

Segundo o MST, os participantes tinham de 7 a 12 anos, mas crianças menores e até de colo também estavam na caminhada. No fim da marcha, um grupo de crianças foi até a Secretaria de Estado da Educação, onde foram recebidas pela coordenadora do Departamento de Educação no Campo, Marciane Maria Mendes. Outro grupo esteve na sede regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e entregou ao ouvidor agrário, Luasses Gonçalves dos Santos, a pauta de reivindicações, entre elas o assentamento de 8 mil famílias acampadas no estado.

Lilian Chaves

Apucarana – Uma operação de reintegração de posse, com custo estimado em R$ 100 mil, foi suspensa ontem, em Rio Branco do Ivaí (Centro-Norte do estado), para evitar um confronto entre a Polícia Militar e integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Cerca de 500 policiais destacados para retirar os sem-terra da Fazenda Mestiça, ocupada há 45 dias, esperaram uma negociação que durou aproximadamente seis horas e depois foram embora.

Uma ordem da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) suspendeu o cumprimento da ordem judicial por 15 dias, até que os cerca de 600 sem-terra encontrem outro local para acampar. O comandante da operação e do 10.º Batalhão da PM de Apucarana, tenente-coronel Ronaldo Maciel Oliveira, disse que a decisão teria sido anunciada após articulações políticas em Curitiba. Até o prefeito de Rio Branco do Ivaí, Pedro Taborda Desplanches (PMDB), intercedeu para evitar um confronto.

A ordem de reintegração foi expedida pela juíza Paula Samuel de Oliveira Monteiro, da Comarca de Grandes Rios, em favor da agropecuarista Maria Antonieta Junqueira Cordeiro. A decisão de manter os sem-terras no local foi recebida com frustração pelo administrador da fazenda, Mauro Gabriel Vieira. "É um absurdo uma operação dessas, de alto custo, dar em nada", criticou. A proprietária havia disponibilizado 25 caminhões e 15 ônibus para o transporte dos sem-terra e de seus pertences.

Um dos interlocutores do MST na negociação, Josmar Choptian, disse que o grupo se dispõe a sair da fazenda pacificamente, mas desde que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) disponibilize outra terra para o acampamento. "Somos de Rio Branco do Ivaí e queremos uma terra aqui na cidade. Ganhamos 15 dias de fôlego", afirmou.

Vieira calcula que a proprietária da área já tenha acumulado prejuízos da ordem de R$ 500 mil desde a invasão da propriedade pelo MST. Segundo Vieira, a fazenda de 1,2 mil alqueires tem plantações de milho e soja, e criação de gado. "A fazenda tem certificado de produtividade expedido pelo Incra", afirma Vieira.

A Sesp informou no fim da tarde de ontem que, no atual governo, todas as reintegrações de posse foram conduzidas de maneira pacífica. "Havia risco iminente de um conflito e, após esgotar todas as possibilidades de diálogo, optamos por cancelar a operação", explicou o coronel Celso José Melo, do Comando de Policiamento do Interior. Segundo ele, o clima era tenso no local porque envolvia centenas de pessoas, incluindo mulheres e crianças.

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