A Polícia Militar reforçou o policiamento durante a madrugada deste domingo (22) nas favelas da Rocinha e Vidigal, na Zona Sul do Rio, para evitar novos episódios de violência. As favelas ficam próximas a São Conrado, onde houve um intenso tiroteio na Avenida Aquarela do Brasil e a invasão do Hotel Intercontinental em seguida.
De acordo com informações do 23º BPM (Leblon) não houve registro de ocorrências.
O menor detido entre o grupo que invadiu o Hotel Intercontinental, em São Conrado, na manhã de sábado (20), foi transferido durante a madrugada para a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). Os outros suspeitos passaram a noite da 15ª DP (Gávea) e devem ser transferidos neste domingo.
Criminosos invadiram o hotel de luxo após um intenso tiroteio com policiais na Avenida Aquarela do Brasil e fizeram 35 pessoas de refém. Entre elas havia cinco hóspedes, todos estrangeiros.
As vítimas foram libertadas, sem ferimentos, após três horas de negociação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) com os criminosos.
Uma mulher que, segundo a Secretaria de Segurança Pública, trabalhava para o tráfico de drogas na Rocinha e era foragida da Justiça, morreu. Quatro policiais militares se feriram durante o confronto.
Criminoso usou ambulância para escaparUm dos criminosos feridos no tiroteio usou uma ambulância que estava na Favela da Rocinha para tentar escapar da polícia.
Segundo a polícia, passou-se a monitorar hospitais públicos e particulares ao saber que alguns criminosos feridos conseguiram fugir após o confronto com a polícia. O suspeito foi localizado no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, no subúrbio, onde deu entrada com escoriações pelo corpo.
O suspeito foi levado para a 15ª DP (Gávea). O motorista da ambulância também foi encaminhado à delegacia para dar sua versão dos fatos.
Refém conta que ação foi rápidaUm dos reféns do hotel, o garçom, Manoel Severino, de 52 anos, contou que estava no salão do Intercontinental quando foi abordado pelos criminosos. Segundo ele, a ação foi rápida e os criminosos estavam fortemente armados. "Eles (os criminosos) prometiam que não ia acontecer nada com a gente. Eles queriam apenas negociar com a polícia e nos tranquilizaram nos dizendo que tudo ficaria bem". Segundo a vítima, durante as mais de duas horas que ficaram numa sala, os criminosos não se exaltaram, e falaram que iriam queimar os celulares e laptops que estavam com os reféns.
Segundo Manoel, a negociação sobre a rendição do grupo aconteceu com a polícia e o presidente da Associação dos Moradores da Rocinha. Após a conversa, os suspeitos colocaram as armas no lixo e se entregaram.
A vítima contou ainda que os hóspedes ficaram tranquilos durante a negociação. Depois que os criminosos se entregaram, policiais revistaram cada refém para ter certeza que nenhum suspeito estava disfarçado. "Eu fiquei nervoso, mas acabei ficando tranqüilo depois. E agora estou bem", disse o funcionário que trabalha há 8 anos no hotel.
Hóspedes e funcionários prestam depoimentoOs cinco hóspedes do Hotel Intercontinental prestaram depoimento no sábado na 15ª DP (Gávea). Eles deixaram a delegacia sem falar com a imprensa.
Segundo a polícia, entre os dez detidos está o traficante Perninha, considerado o segundo homem na hierarquia do tráfico na Rocinha. Já o traficante conhecido como "Nem", que é apontado pela polícia como o chefe do tráfico na Favela da Rocinha, pode estar entre os criminosos que conseguiram fugir após o intenso tiroteio, segundo informou o coronel Paulo Henrique Moraes, comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
Grupo deixava festa
De acordo com o tenente-coronel Lima Castro, relações-públicas da PM, a ação dos criminosos teria começado quando o grupo deixava uma festa e se deparou com uma equipe da PM. Eles estavam em uma van e em motos quando encontrou a equipe da PM, que chamou reforço para o local.
Uma moradora de um condomínio que fica na Avenida Aquarela do Brasil viu homens invadindo o local com armas. O porteiro ligou e avisou que havia gente na portaria, para ela não sair de casa. "Estava dormindo quando escutei barulho de tiros. Fui até a janela e vi muitos homens armados correndo. Alguns inclusive passando para dentro do meu condomínio. As pessoas gritavam muito e pediam para ficarem abaixadas", relatou ela.
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