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Brasília – O Conselho Político do PMDB aprovou ontem, por aclamação, a proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de formar um governo de coalizão. A decisão foi tomada depois de duas horas de discursos, alguns com ressalvas e críticas ao primeiro mandato de Lula, e sem as tradicionais brigas, comuns nos encontros do PMDB. Apenas o senador eleito Jarbas Vasconcelos (PE), que previu que a coesão do partido em torno de Lula durará apenas um semestre, e o presidente do partido em Pernambuco, Marcus Cunha, manifestaram-se contra a coalizão.

O presidente do PMDB no Acre, deputado João Correia, se absteve. Os demais 42 conselheiros presentes – de um total de 60 – aprovaram a proposta, sendo que o senador Pedro Simon (PMDB-RS), anunciou que se colocará numa posição de independência, mas não votou contra. A expectativa da cúpula do PMDB é que a coalizão garantirá ao partido entre quatro e seis ministérios, além de participação na coordenação política do governo.

"O PMDB decidiu apoiar o governo de coalizão em cima de uma agenda mínima para o país. O Ministério é atribuição do presidente. Ele é quem vai definir os cargos e escolher, verificando os quadros do partido", disse o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP).

Deixaram de comparecer 15 conselheiros, entre eles oito favoráveis à aliança, como é o caso dos governadores Sérgio Cabral (RJ), Roberto Requião (RJ), Eduardo Braga (AM), Paulo Hartung (ES) e Marcelo Miranda (TO). Apesar do clima pacífico da reunião, o governo Lula não foi poupado e os senadores José Sarney (PMDB-AP) e Pedro Simon (PMDB-RS) fizeram críticas à conduta política e ética do PT no governo.

"Sou um daqueles que acham que o governo Fernando Henrique foi muito ruim.Vibrei com a eleição do presidente Lula. Mas seu governo deixou muito a desejar no campo da ética, da seriedade e da dignidade", afirmou Pedro Simon, declarando-se independente e lembrando que manteve esta posição nos quatro anos de Lula e nos oito anos do governo tucano.

Simon disse que confia na chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, e no ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, mas que não acredita naquele grupo de petistas que quer esconder tudo, deixar tudo como está e fazer tudo de novo. Um dos principais aliados do presidente Lula, o senador José Sarney também bateu na conduta política do PT durante o primeiro mandato, que resultou no escândalo do mensalão. "Nós (Sarney e o presidente do Senado, Renan Calheiros) evitamos que o PMDB fosse vítima dessa canibalização que atingiu outras legendas e que apareceram depois como aqueles coisas erradas", disse Sarney.

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