Brasília O Palácio do Planalto vai ter que contornar uma rebelião na bancada do PMDB no Senado para conseguir aprovar, em tempo hábil, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que prorroga a CPMF até o ano de 2011. Um grupo de senadores peemedebistas se reuniu na noite de ontem com o líder do partido na Casa, Valdir Raupp (RO), para se queixar do tratamento do governo federal com o partido.
A reportagem apurou que dez dos 19 senadores peemedebistas participaram da reunião. Os parlamentares reclamaram que o governo não vem atendendo os pedidos de liberação de verbas e indicações para cargos no Executivo. Além disso, criticaram o senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado a quem acusam de tomar decisões em nome da bancada sem consultar os seus integrantes.
"Não podemos ser colocados na condição de manada. A própria bancada estava atropelando todo mundo. O senador Jucá não falou sobre um acordo para desobstruir a pauta. Temos que agir como bancada, e não como apêndice da liderança", reclamou o senador Valter Pereira (PMDB-MS).
Alguns peemedebistas estão dispostos a dificultar a tramitação da CPMF no Senado caso o governo não revise sua relação com o partido. "Vamos querer discutir a CPMF", adiantou Pereira.
Raupp admite a rebelião no PMDB do Senado, mas acredita numa reconciliação do governo com a bancada até o início da tramitação da CPMF na Casa. "É bom que isso esteja acontecendo antes do projeto que prorroga a CPMF chegar ao Senado. Eu adverti o Palácio do Planalto de que vem aumentando o foco de insatisfação do PMDB na Casa", afirmou.
Segundo Raupp, o governo tirou a relação com o PMDB do Senado de seu foco desde que as primeiras denúncias contra Renan vieram à tona. O líder peemedebista disse que a CPMF poderá "agravar mais um pouco" o clima de instabilidade na base aliada, mas acredita que todas as "pendências" serão resolvidas para aprovar a prorrogação da contribuição.
O Palácio do Planalto já teve que conter uma rebelião do PMDB na Câmara para evitar que o projeto de prorrogação da CPMF seja derrotado na votação em segundo turno no plenário. Para conter os ânimos na base aliada, o governo reuniu na terça-feira a cúpula do PMDB para uma conversa, na qual, segundo peemedebistas, ficou acertado que as reivindicações da sigla serão atendidas.
Os deputados do PMDB reclamaram da nomeação de dois petistas para a Petrobrás. Os peemedebistas ficaram irritados com o fato de Maria das Graças Foster e José Eduardo Dutra terem sido indicados para a estatal na sexta-feira, enquanto o pleito do partido de ficar com a diretoria internacional da empresa continua engavetado.